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Pistorius põe sua fama à prova
Atleta amputado terá, amanhã, a primeira das três chances de conseguir índice olímpico nos 400 m
Incluído na lista de pessoas mais influentes deste ano, sul-africano diz que sua luta também serve para a causa dos paratletas do mundo
MARIANA BASTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Oscar Pistorius, 21, está de
volta. Um mês e meio após ter
obtido, nos tribunais, o direito
de competir entre atletas sem
deficiência, o velocista biamputado entrará amanhã na pista,
pela primeira vez, em busca do
índice olímpico nos 400 m.
A tarefa não será fácil. Seu
melhor tempo é de 46s33. Para
ir a Pequim, o sul-africano terá
que cruzar a linha em pelo menos 45s55. Para isso, atuará em
três eventos: o Meeting de Milão, amanhã, a Liga de Ouro de
Roma, na semana que vem, e o
Meeting de Lucerna, no dia 16.
"Não será o fim do mundo se
não for à Olimpíada neste ano",
pondera Pistorius, já garantido
na Paraolimpíada-08, em entrevista à Folha por e-mail.
Mesmo que não ganhe vaga
olímpica, o sul-africano já é um
dos atletas mais badalados.
Biamputado antes de completar um ano, ele se tornou pivô de um dilema ético. Afinal,
suas próteses de fibra de carbono, conhecidas como Cheetah
Flex-Foot, dariam a ele uma
vantagem competitiva diante
de atletas sem deficiência?
A luta pela causa o pôs entre
as pessoas mais influentes do
mundo, segundo lista da revista "Time", dos EUA, que o classificou como pioneiro e herói.
"O que começou com a minha própria jornada, para ter
permissão de ir à Olimpíada,
transformou-se numa luta
maior de reconhecimento dos
paraatletas", disse o atleta.
FOLHA - Como está a preparação
para melhorar o seu tempo?
OSCAR PISTORIUS - Está indo
bem. Tenho um grande alívio
de poder me focar só em treinar
e correr, depois de ter perdido
tanto tempo nos tribunais. Sei
que será duro alcançar o índice,
mas agora tenho que dar o meu
melhor. E é isso que vou fazer.
FOLHA - A visibilidade conseguida
por causa de suas próteses pode interferir no seu desempenho?
PISTORIUS - Sim, há muita pressão, mas tenho só 21 anos, então, quando Londres-2012 chegar, eu terei 25. Não será o fim
do mundo se não for a Pequim.
Toda a atenção e pressão me
motivam a fazer o melhor.
FOLHA - Se você fizer o índice olímpico, abdicará da Paraolimpíada?
PISTORIUS - Sempre competirei
na Paraolimpíada. Se tudo for
bem e tiver sorte, espero levar o
ouro nos 100 m, nos 200 m e
nos 400 m. O espírito amistoso
que você encontra nesse evento
é incrível. É importante destacar que, tanto para correr em
nível olímpico como paraolímpico, tem que ser atleta de elite.
FOLHA - Como você espera ser recepcionado pelos seus adversários?
PISTORIUS - Nunca recebi sentimentos negativos vindos de outros atletas. Todos têm me
apoiado. Alguns, como Sanya
Richards [campeã olímpica no
4 x 400 m] e Tyson Gay [campeão mundial dos 100 m e nos
200 m], demonstraram publicamente apoio à minha causa.
FOLHA - Qual foi a sua reação ao
saber que Natalie du Toit [nadadora
sul-africana amputada] ganhara vaga olímpica na maratona aquática?
PISTORIUS - Conheço Natalie, e
é ótimo que ela vá para a Olimpíada. Sei o quanto ela trabalhou duro. Não é uma coincidência que dois paraatletas sul-africanos tenham se destacado.
A África do Sul permite que nós
tenhamos facilidades, mas a estrutura ainda pode melhorar.
FOLHA - Foi uma surpresa estar na
lista de pessoas mais influentes do
mundo, ao lado do dalai-lama, de
Angelina Jolie e de George W. Bush?
PISTORIUS - Foi uma imensa
honra ser reconhecido sob esse
holofote. O que começou com a
minha própria jornada para ir à
Olimpíada transformou-se numa luta maior. Fico satisfeito
em poder contribuir com a causa dos paraatletas no mundo.
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