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ADMINISTRAÇÃO
Comitê cessou pagamentos em agosto, e entidades protestam
Repasse da Lei Piva divide dirigentes paraolímpicos
DA REPORTAGEM LOCAL
Os recursos da Lei Piva que serviriam para ajudar o esporte paraolímpico do Brasil geraram, na última temporada, um grande racha interno entre os dirigentes
que comandam a modalidade .
O Conselho Deliberativo do Comitê Paraolímpico Brasileiro, formado basicamente pelos integrantes das cinco associações nacionais, determinou, no início de
2002, que cada entidade teria direito a 13% do total repassado pela Lei Piva -cerca de 1,17 milhão- para utilizar em fomento e
desenvolvimento de esportes em
suas respectivas searas.
Os recursos seriam creditados
mês a mês para as associações.
Mas, em agosto, os depósitos cessaram, o que surpreendeu os presidentes das instituições. "O CPB
não cumpriu o que estava acordado com o Conselho Deliberativo.
Ficamos sem receber a maior parte do que havia sido determinado
em 2002. Sustentei minha entidade com recursos próprios", afirmou Ivaldo Brandão, presidente
da Associação Nacional de Desporto para Deficientes.
Para se adequar aos cortes estipulados pelo comitê, algumas entidades cancelaram compromissos agendados para 2002, caso da
Associação Brasileira de Desporto
para Amputados.
"Eu havia marcado um campeonato de natação para novembro do ano passado, mas fui obrigado a transferir para essa temporada. Sem a verba da Lei Piva, fica
difícil cumprir nosso calendário",
afirmou José Alaor Boschetti, que
coordena as ações da ABDA.
Justificativa
Vital Severino Neto, presidente
do CPB, explicou que parou de repassar a maior parte da verba às
associações porque estava correndo o risco de "fechar as portas".
"Eles [os presidentes das associações] fizeram um acordo no
Conselho Deliberativo, mas reservaram uma verba muito pequena ao comitê. Do jeito que a coisa estava caminhando, eu não
conseguiria manter o expediente
e cuidar de todos os atletas como
pretendia", disse Severino Neto.
O presidente diz que, como responsável direto pelo uso dos recursos da Lei Piva, tinha o direito de interferir e evitar problemas.
"Sou o presidente do CPB. As
cobranças sobre a forma como a
verba pública foi aplicada recaem
sempre sobre mim. Tenho o direito de mudar o rumo das coisas", completou o dirigente.
O embate que ganhou maiores
proporções ocorreu com a Associação Brasileira de Desporto em
Cadeira de Rodas. Ciraldo de Oliveira Reis, presidente da instituição, chegou a acionar a Justiça para obter os recursos que estavam acordados com o Conselho
Deliberativo. "Eu já tinha me comprometido com alguns atletas e resolvi lutar pelo meu montante", conta Reis.
Ele obteve uma liminar que assegurou o repasse de parte da verba anteriormente acordada com o CPB, mas sua disputa com o comitê não parou por aí.
A Abradecar travou também uma batalha judicial a fim de recuperar uma parceria que resultava na produção de uma revista mensal de esportes para praticantes que utilizam cadeira de rodas, batizada de "Toque a Toque".
Segundo acordo firmado em
2002, o comitê repassaria mensalmente cerca de R$ 8.000 à Abradecar para a confecção da publicação. Mas, com a alegação de
que o CPB voltaria a produzir seu
próprio veículo de comunicação
-uma revista de nome "Brasil
Paraolímpico", relançada em outubro do ano passado-, o convênio foi cancelado.
"Voltei a entrar na Justiça, ganhei e consegui tocar nossa publicação, explicou Reis.
Severino Neto afirmou que interrompeu a cessão de recursos
porque a "Toque a Toque" "sempre sobreviveu com recursos próprios" e a prestação de contas da revista "estava incorreta."
(GUILHERME ROSEGUINI)
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