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AUTOMOBILISMO
Rory Byrne, hoje na Ferrari, trabalhou na Toleman e convive com Schumacher desde a era Benetton
"Ouvido musical" nivela alemão com Senna, diz projetista
FÁBIO SEIXAS
DA REPORTAGEM LOCAL
O Toleman que Ayrton Senna
pilotava quando assombrou a F-1
logo no terceiro GP de sua carreira, Mônaco-84, levava sua assinatura. O Benetton que Nelson Piquet guiava na sua despedida,
Austrália-91, também. Assim como o Benetton da primeira vitória
de Michael Schumacher, em Spa-92, e as oito últimas Ferraris.
O sul-africano Rory Byrne considera-se um sortudo. Projetista
mais bem-sucedido da última década, trabalhou de perto com três
campeões mundiais. Entre eles,
Senna e Schumacher. Que no exterior, como no Brasil, suscitam
debates acalorados de torcedores.
Seria, portanto, o homem mais
indicado para resolver a polêmica. Afinal, Senna foi melhor piloto
do que Schumacher? Schumacher
já superou Senna? E o Piquet?
"Trabalhei com eles em estágios
diferentes de suas carreiras. Peguei o Ayrton logo que ele chegou
à F-1, entusiasmado, cometendo
erros, mas muito comprometido
e ciente da importância da motivação, do espírito de equipe. Ele
era muito bom nisso", disse
Byrne, 60, em entrevista à Folha.
"Depois, quando encontrei Nelson... Era o fim da carreira dele, o
penúltimo ano. Apesar disso, era
muito motivado. É claro que já estava mais relaxado, vivia pregando peças em todos e fazendo piadas. Mas, quando entrava no carro, ficava 100% concentrado."
Por fim, fala de Schumacher. "O
Michael também sempre foi 100%
focado naquilo que queria, desde
o começo. No geral, ele está melhorando a cada ano. Ele está pilotando melhor do que nunca agora, na minha opinião", declarou.
Para Byrne, porém, é impossível
comparar os três pilotos. Mas ele
cita algo que percebeu em Senna e
Schumacher: "Ouvido musical".
"Eles eram bem diferentes entre
eles, mas tinham em comum essa
característica de, mesmo dirigindo rápido, conseguirem pensar
nos aspectos técnicos. Tecnicamente, eram idênticos. Sempre
conseguiram antever o que aconteceria com o carro", afirmou.
Em termos de resultado, nada
passa perto do que Byrne conseguiu com Schumacher. Na Benetton, foram dois Mundiais de Pilotos e um de Construtores.
Levado para a Ferrari no fim de
96, sofreu para colocar Maranello
em ordem, mas deslanchou a partir de 99. Na equipe italiana, soma
cinco Mundiais de Construtores e
quatro de Pilotos.
Com Senna, cuja morte completou dez anos ontem, seu melhor
momento foi a heróica segunda
posição sob o temporal de Mônaco, em 84 -que só não se transformou em vitória porque a prova
foi interrompida quando o brasileiro ameaçava a liderança de
Alain Prost. Com Piquet, Byrne
obteve três vitórias entre 90 e 91.
"Mais uma vez, é difícil comparar. Eram eras diferentes. Em 84, a
Toleman era um time pequeno,
com 60 pessoas. Para ter uma
idéia, em 94 éramos mais de 300
na Benetton. O orçamento que tínhamos na Benetton em 95 era
mais ou menos dez vezes o da Toleman em 81, quando entramos
na F-1. E dez vezes o orçamento
leva toda as operações para um
nível bem superior", completou.
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