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COPA 2002 - CORÉIA/JAPÃO
Brasil e seus fantasmas se reencontram amanhã
O dia de renascer
FÁBIO VICTOR
FERNANDO MELLO
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
SÉRGIO RANGEL
ENVIADOS ESPECIAIS A ULSAN
A seleção brasileira estréia amanhã, às 6h, na Copa do Mundo
Coréia/Japão após a maior crise
da história de seu futebol, pela
primeira vez alvo até de investigações do Congresso Nacional.
Em campo, o adversário é a
Turquia, mas o maior desafio será
provar ao mundo que a lama dos
bastidores e a queda diante de seleções "nanicas" não foram capazes de macular a camisa amarela.
Entre a última partida da Copa
da França, em 1998 -a derrota
diante dos donos da casa na final-, e o jogo de amanhã foram
três técnicos, duas CPIs, uma derrota para Honduras e uma coleção de dramas pessoais.
Como o do atacante Ronaldo,
que, não bastasse o episódio da
crise nervosa horas antes da decisão contra os franceses, sofreu
grave contusão no ano seguinte e
passou quase duas temporadas
sem jogar. Assistiu ainda à súbita
ascensão de outro Ronaldo, que
lhe usurpou, até aqui, o diminutivo característico do nome.
A responsabilidade de conduzir
a seleção brasileira em busca do
prestígio perdido é do gaúcho
Luiz Felipe Scolari, 53, alçado ao
posto de treinador da equipe há
menos de um ano e que abriu
mão de Romário. Com fama de
disciplinador e passional, o técnico levará a campo amanhã uma
equipe que nunca jogou junta e
um esquema que foge à tradição
verde-amarela, o 3-5-2.
Antes de Scolari e após Zagallo,
técnico da Copa de 1998, a seleção
foi treinada primeiro por Wanderley Luxemburgo e depois por
Emerson Leão, ambos demitidos
por Ricardo Teixeira, presidente
da CBF que teve sua administração investigada e condenada pela
CPI do Futebol, no Senado.
A classificação para a Copa, a
mais difícil da história do time, só
veio no último jogo das eliminatórias, contra a Venezuela.
Mas veio. E o Brasil estréia no
Grupo C do Mundial, que tem
ainda China e Costa Rica, com um
time de craques milionários
-nove do "onze" que entra em
campo amanhã atuam na Europa.
Para eles, a Copa do Mundo
também pode representar redenção. Rivaldo, astro do Barcelona,
só se recuperou de uma grave
contusão no joelho direito na semana passada. "Foram tempos
difíceis para mim", disse.
Roberto Carlos, do Real Madrid, estava na final da Copa-98 e
em outros "momentos difíceis"
do time. E é quem sintetiza: "Não
há muito o que fazer para apagar
o passado, só ganhar título".
Na filosofia oriental, a crise deve
ser encarada como a alavanca da
transformação. Está na hora de o
Brasil mostrar, na primeira Copa
disputada na Ásia, que aprendeu
alguma coisa com seu passado.
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