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Homem de ferro
France Presse
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O ala direito Cafu faz alongamento durante treino da seleção na Coréia do Sul |
Quando Cafu pisar amanhã no gramado para
enfrentar a Turquia, poderá pedir sua inscrição no "Guinness Book", o livro dos recordes.
Mais de 11 anos após sua estréia na seleção, o lateral e
hoje ala pela direita vestirá a camisa amarela pela 114ª
vez e se igualará a Taffarel como o homem que mais
defendeu o país em partidas oficiais na história. Dono
de uma galeria de troféus que inclui três títulos mundiais (dois pelo São Paulo e um pela seleção), Cafu fará
sua terceira Copa. Um verdadeiro "homem de ferro".
DOS ENVIADOS A ULSAN
E DO ENVIADO A YOKOHAMA
Naquele 12 de setembro de 1990,
Cafu estreou na seleção, saiu de
campo substituído por Paulo Egídio e derrotado pela Espanha por
3 a 0. Não se podia imaginar que,
daquele amistoso, sairia o atleta
que mais disputou jogos oficiais
na história do time nacional.
Chamado pelo técnico Paulo
Roberto Falcão, jogou na ponta
direita. Com só 20 anos, não ostentava em sua galeria de troféus
o bicampeonato mundial interclubes, a Libertadores (93 e 94) e o
Brasileiro (91), pelo São Paulo.
Não tinha passado pelo arqui-rival Palmeiras, onde participou
do invicto time de mais de cem
gols no Paulista-96. E nem sequer
tinha experiência internacional,
adquirida em uma temporada no
Zaragoza (Espanha) e, desde
1997, na Roma, onde ganhou o
cobiçado scudetto em 2000/2001.
Amanhã cedo, no estádio Munsu, o lateral de 31 anos igualará a
marca do goleiro Taffarel, como
ele tetracampeão mundial nos Estados Unidos, em 1994.
Se não se machucar e disputar a
partida contra a China, no dia 8,
Cafu, conhecido por seu fôlego e
capacidade física, se isolará como
o mais veterano jogador da seleção, com 115 jogos oficiais.
Mais: se o time de Luiz Felipe
Scolari chegar a Yokohama, em
30 de junho, será o único atleta na
história do futebol a ter disputado
três finais de Copas.
Em 1994, seu primeiro Mundial,
Cafu começou na reserva. Tinha
no time titular o já consagrado
Jorginho. Em solo norte-americano, jogou três vezes: nas oitavas-de-final, contra os EUA, nas quartas-de-final, contra a Holanda, e
na final, contra a Itália.
Depois do título mundial e da
saída de Jorginho, Cafu virou soberano na lateral direita. Foi chamado por Zagallo, Luxemburgo,
Candinho (que comandou a seleção em apenas um jogo), Leão e
Scolari. Nenhum técnico que assumiu depois da conquista nos
EUA deixou de convocá-lo para
torneios de primeira linha.
De lá para cá, quando o time nacional entra em campo, o torcedor já sabe: Cafu estará com a camisa 2. Há oito anos, ninguém faz
sombra para o jogador. Hoje, apesar das deficiência defensivas
(apontadas pelo próprio técnico),
segue intocável no setor.
Na única partida importante em
que Cafu não pôde estar em campo, nas semifinais da Copa de
1998, contra a Holanda, o são-paulino Zé Carlos não foi bem.
Enquanto na lateral esquerda
brotam jovens talentos a toda hora, do outro lado há só aridez. O
reserva de Cafu na Ásia, Belletti,
chegou a amargar o banco em seu
clube pouco antes da convocação.
E, a menos que o titular se contunda, será desse lugar que o são-paulino verá a Copa-2002.
Mesmo com toda a história na
seleção, Cafu nunca foi tratado
como estrela. Nas entrevistas, é
bem menos procurado do que
seus colegas Ronaldo, Rivaldo,
Roberto Carlos ou Ronaldinho.
Capitão por muito tempo devido a sua longevidade na seleção, o
lateral, hoje na posição de ala, perdeu o posto para o volante Emerson, queridinho do técnico.
Ele, no entanto, diz não se incomodar com isso. "O importante é
o grupo. Minha vontade é ser
campeão do mundo, sentir de novo o gosto que experimentei em
1994 e apagar aquela derrota contra a França em 1998", afirma.
Evitou com isso repetir a postura do meia Leonardo, que abandonou a equipe nacional na Copa
América de 1999 porque, entre
outros motivos, perdeu a tarja de
capitão para Cafu.
Questionado sobre os recordes
que pode bater, sorri. "Isso é fruto
de um trabalho sério e está acontecendo por mérito meu. Quero
muito comemorar os recordes.
De preferência, com mais uma estrela no peito, levantando o caneco", diz ele, autor de cinco gols
com a camisa canarinho, após o
último coletivo antes do jogo contra a Turquia.
(FÁBIO VICTOR, FERNANDO MELLO, JOSÉ ALBERTO BOMBIG,
RODRIGO BUENO E SÉRGIO RANGEL)
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