São Paulo, domingo, 02 de junho de 2002

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GRUPO C/AMANHÃ

Com seu estilo personalista, técnico será atração do Brasil na estréia na Copa

Scolari promete careta e se candidata a roubar a cena

DOS ENVIADOS A ULSAN

O dono da seleção na Copa do Mundo não estará dentro de campo amanhã cedo. Apesar de contar com jogadores milionários como Ronaldo, Rivaldo e Ronaldinho, o grande nome do time que estreará no Mundial, contra a Turquia, em Ulsan, é o técnico Luiz Felipe Scolari.
Personalista, disciplinador e passional, o treinador sempre roubou a cena nos clubes em que trabalhou. Atualmente, a história é a mesma na seleção.
Para a sua estréia no cargo no Mundial, o treinador promete manter o seu estilo cênico: com muitas caretas, gestos e gritos do banco de reservas
"O meu estilo vai continuar. Se cheguei na seleção pelo meu trabalho, os atletas vão esperar a mesma coisa. Não vou mudar nada. Vai ter careta, sim", afirmou Scolari, que parece atuar com os atletas dentro de campo.
Como uma espécie de 12º jogador, o treinador já chegou ao absurdo de jogar bolas para dentro de campo para garantir o resultado em favor do Palmeiras no melhor estilo do futebol de várzea.
Detalhista e disciplinador, Scolari, que foi um fraco zagueiro no interior do Rio Grande do Sul, não faz concessão.
Ele não poupa nenhum jogador durante os treinamentos. Nos últimos dias em Ulsan, o treinador gritou com atletas famosos como Ronaldo, Rivaldo, Roberto Carlos e Ronaldinho.
Às vésperas da estréia da seleção na Copa, a lua-de-mel de Scolari com Ronaldo parece ter chegado ao fim. Embora tenha sido o principal incentivador da recuperação do jogador, o relacionamento dos dois já dá sinais de desgaste.
Na sexta-feira, ele disse que Ronaldo não será o "Fenômeno", como era chamado no auge da sua carreira na Europa, na Copa.
No treino de ontem, em Ulsan, Scolari deu uma série de broncas no atacante. Logo após o treino, o treinador mandou um recado ao jogador. Scolari admitiu que poderá barrá-lo durante o Mundial.
"Já disse que não tenho que preservar ninguém. Não tenho que preservar a, b, ou c. Vou fazer o melhor para o time. Tenho 23 jogadores, todos podem jogar", disse o técnico da seleção, que ganhou notoriedade por ganhar títulos importantes com times sem estrelas como o Palmeiras de 99, campeão da Taça Libertadores.
A prova mais forte do seu estilo disciplinador foi a não-convocação da maior unanimidade do futebol brasileiro: o atacante Romário, do Vasco, de 36 anos.
Como se não bastasse a pressão popular -torcedores protestaram na porta da CBF em favor do jogador-, Romário contou com o lobby até do presidente Fernando Henrique Cardoso, mas nada adiantou. Scolari decidiu excluir Romário da Copa do Mundo por problemas disciplinares.
Depois de cerca de 20 anos como treinador, o passional Scolari não esconde que está nervoso com a sua estréia na seleção brasileira, mas promete classificar o time entre os quatro primeiros.
"Todos estão nervosos. Eu não sou exceção", disse o treinador, que começou a carreira treinando equipes de estudantes em Caxias do Sul (RS).
"Mesmo assim, posso garantir que vou deixar a seleção entre os quatro primeiras colocadas. Depois, vamos traçar a meta do título", acrescentou. (FV, FM, JAB, SR)

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