São Paulo, domingo, 02 de junho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

GRUPO C/AMANHÃ

Astros do time pouco jogam em seus clubes

Conto de fadas deixa os turcos enfraquecidos

PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A GWANGJU

Bons resultados nos clubes locais. Fama repentina e um ótimo contrato com uma equipe do milionário futebol italiano. Depois, com problemas de adaptação, vem o banco de reservas e, consequentemente, uma seleção, às vésperas de voltar a disputar uma Copa depois de 48 anos, sem ritmo de jogo e enfraquecida.
O conto de fadas do futebol da seleção da Turquia, adversária do Brasil na estréia do Mundial de 2002, amanhã, em Ulsan, emperrou no momento em que os principais jogadores desse país foram ganhar dinheiro em centros mais desenvolvidos da Europa.
A partir do Galatasaray, equipe que cresceu e passou a se destacar nas competições européias de clubes, uma legião de atletas turcos trocou o status de astros para seus fanáticos compatriotas pelo ostracismo do banco de reservas.
Os casos mais emblemáticos são os dos quatro convocados pelo técnico Senol Gunes que jogam em agremiações italianas.
Isso vale até para o grande astro da equipe, o atacante Hakan Sukur, 30. Em 2000, ele trocou o Galatasaray pelo futebol italiano e nunca mais foi o mesmo. Em duas temporadas na Itália, não entrou em campo em quase metade dos compromissos de seus clubes (Parma e Inter). No Nacional, acumula só oito gols em 39 jogos. Quando atuava na Turquia, tinha média quase três vezes maior.
Se para o mais famoso futebolista turco a realidade da Europa ocidental foi dura, para os outros foi ainda mais tenebrosa.
Ao final da temporada 2000/ 2001, o Galatasaray negociou três de seus astros. Todos tiveram como destino a cidade italiana de Milão e o banco de reservas.
Na Inter, o meia Okan Buruk, 28, trocou as manchetes pelas notas de rodapé. Dos 34 jogos da sua equipe no Italiano, ele só entrou em campo em sete.
Seu compatriota Belozoglu, 21, também contratado pela Inter, foi um pouco melhor -participou de 14 jogos, mas, em compensação, não marcou nenhum gol.
No outro grande da cidade do norte da Itália, o Milan, outro turco fracassou. O meia Davala, 28, naufragou como seus patrícios e só entrou em campo em 10 das 34 partidas que seu time realizou no Nacional, também sem fazer gols. Com esses quatro jogadores, que estarão na Copa, sem ritmo, a Turquia fez uma pré-temporada pífia para o Mundial.
Nos amistosos registrados pela Fifa, a Turquia só ganhou do Chile. Além disso, perdeu para o Equador e para a África do Sul. Também teve um empate sem gols com a Coréia do Sul.
A geração que hoje sofre com a falta de ritmo foi responsável por tirar a Turquia do limbo do futebol mundial na década passada.


Texto Anterior: Bola rasteira - Grupo A: Após triunfo, Diouf acerta com Liverpool
Próximo Texto: Técnico vai tentar congestionar o meio-campo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.