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GRUPO B / HOJE
Rival da Espanha é país com menos habitantes entre participantes da Copa
Eslovênia joga no Mundial graças a "milagre estatístico"
DO ENVIADO A GWANGJU
Na sua estréia em Copas, a Espanha tem pela frente hoje, às
8h30, em Gwangju, na Coréia, um
rival que chega para disputar seu
primeiro Mundial após um verdadeiro "milagre estatístico".
Para montar uma seleção que
conseguiu sua vaga mesmo
atuando nas disputadas eliminatórias européias, a Eslovênia contou com o material humano menos volumoso das 32 equipes que
acabaram qualificadas.
População pequena, território
minúsculo e devoção nem tão
grande assim ao futebol fazem da
seleção da ex-república da Iugoslávia um time em que a qualidade
nunca vai sair da quantidade.
A Eslovênia tem pouco mais de
1,9 milhão de habitantes, população menor do que a do Grande
ABC paulista. Se todos, independentemente de sexo e idade, pudessem ser convocados, o treinador da equipe teria 83,8 mil candidatos para cada vaga à Copa.
Entre seus concorrentes ao título na Ásia, quem fica mais próximo dessa marca é o Uruguai
-145 mil habitantes por jogador
convocado para o Mundial.
Nada menos do que 17 países
que estão na Coréia do Sul ou no
Japão têm uma proporção maior
do que 1,5 milhão de habitantes
por atleta na Copa (a do Brasil,
por exemplo, é de 7,5 milhões).
Na verdade, o material humano
disponível para formação de um
time é muito menor. A população
eslovena é uma das "mais velhas"
do mundo. Nada menos do que
17% do povo do país já passou da
barreira dos 65 anos.
A fertilidade das mulheres, média de pouco mais de uma criança
nascida para cada uma delas, faz
da Eslovênia também uma nação
de poucos jovens. "Nossa vantagem é que já conseguimos muito", diz o técnico Srecko Katanec,
que continua a comemorar a improvável, estatisticamente falando, classificação de seu país.
Além da população diminuta,
Katanec teve de fazer sua seleção
em um país menos entusiasmado
com o futebol do que a maioria
esmagadora das equipes.
Segundo o censo do futebol feito pela Fifa, 81 mil pessoas estão
envolvidas com o futebol na Eslovênia, o que significa apenas 4%
da população. Nesse cálculo, entram atletas, técnicos e árbitros,
amadores ou profissionais.
Na vizinha Croácia, com clima e
hábitos muito parecidos, esse índice chega a 15%.
Mas não é só por falta de gente
que a participação eslovena no
Mundial toma tons épicos.
Além de ter a menor população
dos 32 qualificados para a Copa, a
Eslovênia tem também a menor
área. São pouco mais de 20 mil
quilômetros quadrados, menos
que a metade do tamanho da Bélgica, o segundo país mais "compacto" do Mundial.
Com um relevo montanhoso e
clima frio, que tornam os esportes
de inverno muitos populares,
além do hóquei sobre o gelo, a Eslovênia tem pouco espaço para fazer campos de futebol.
O "nanico" da Copa, entretanto,
não pensa em fazer papel só de figurante. Depois de conseguir sua
independência no início da década passada, a Eslovênia, que tem o
meia-atacante Zahovic como
grande destaque, já obteve feitos
notáveis no futebol.
Em 2000, conseguiu sua classificação para a fase final da Eurocopa da Holanda e da Bélgica.
Agora, se qualificou para seu
primeiro Mundial passando por
rivais mais tradicionais, como Iugoslávia, Suíça e Romênia.
Nessa campanha, viu outra consequência de ser um país pequeno: torcida não é o forte da Eslovênia. Dos finalistas da Copa Coréia/Japão, o país teve a menor
média de público caseiro nas eliminatórias -7.600 por partida,
menos que a metade do registrado pela Arábia Saudita, a segunda
equipe mais fracassada na bilheteria.
(PAULO COBOS)
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