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ORGANIZAÇÃO
Ingressos já são encontrados no mercado negro
Cambistas estão fora de controle no Japão
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
ENVIADO ESPECIAL A YOKOHAMA
Quatro anos se passaram, e a
história começa a se repetir. Assim como aconteceu na Copa da
França, em 1998, o que não falta é
cambista atuando no Japão.
Não era o que a Fifa pretendia,
mas os planos da entidade parecem ter ido por água abaixo.
Para evitar a presença de cambistas no Mundial asiático, havia
sido determinado que os bilhetes
seriam nominais, ou seja, teriam
impresso o nome da pessoa que
os comprou. Se ela não fosse ao
estádio, deveria avisar os organizadores quem iria em seu lugar.
Com tal procedimento, a Fifa
imaginava que teria controle sobre cada um dos ingressos e sobre
cada torcedor que fosse à Copa.
Não terá. Na semana passada, as
regras do jogo foram afrouxadas.
A Byrom Inc., empresa britânica
responsável pela venda e impressão dos bilhetes, não conseguiu
confeccioná-los a tempo, e cerca
de 250 mil entradas foram feitas
sem o nome do comprador.
O Comitê Organizador do Japão -Jawoc-, então, anunciou
que não faria sentido verificar se
quem estiver portando a entrada
é ou não o comprador original, já
que muitos bilhetes simplesmente não terão o nome do torcedor.
Com isso, o mercado paralelo
de ingressos entrou em ação.
Em Sakuragi-cho, por exemplo,
uma das principais estações de
trem de Yokohama, havia ontem
um grupo vendendo -e comprando- entradas.
Um dos cambistas, que se identificou à Folha como Jiro Saito e
disse ter 22 anos, oferecia bilhetes
para três partidas, entre elas Japão
x Rússia, marcada para o próximo domingo, em Yokohama. Tinha quatro entradas e queria cerca de US$ 250 por cada uma, cinco vezes o preço oficial.
Duas continham o nome do
comprador, enquanto as outras
duas não exibiam nome algum.
Em Tóquio e Osaka, aparentemente, a situação é pior -e mais
escancarada. Uma loja de conveniência no bairro de Ginza, um
dos mais conhecidos da capital japonesa, oferece entradas para Japão x Bélgica, terça, em Saitama,
Japão x Rússia e Argentina x Inglaterra, sexta, em Sapporo.
Xerox dos bilhetes, exibidos na
porta da loja, indica que eles são
provenientes da Europa. Levam o
nome das federações da Bélgica,
Itália e Inglaterra, que se recusaram a comentar o caso.
Shinichiro Misuno, representante do Jawoc para assuntos de
bilheteria, reconhece que a situação está fora de controle. "Os erros foram cometidos, e agora não
adianta coibir [o câmbio negro]
porque só iríamos atrapalhar
muito mais os torcedores."
Misuno e Takahisa Ishida, responsável pelo esquema de segurança, voltaram a responsabilizar
a Fifa pela enorme bagunça.
"O mais grave de tudo nem são
os cambistas, mas os torcedores
que compraram ingressos e ainda
não os receberam. A Byrom Inc.
disse que enviou os últimos 110
mil bilhetes, mas eles não chegaram ao Jawoc. quem deve explicações é quem contratou a empresa", reclamou Ishida, referindo-se
à entidade máxima do futebol.
Procurada pela Folha, a assessoria de imprensa da entidade limitou-se a dizer que os problemas serão solucionados a partir
da terceira rodada, quando todos
os ingressos estiverem em mãos
dos comitês organizadores.
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