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Com mau futebol, seleção se rende ao pragmatismo
Time de Dunga derrota o frágil Vietnã em amistoso e exalta que o mais importante é o resultado, e não dar espetáculo
Vietnã 0
Seleção olímpica 2
PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A HANÓI
Novos no futebol, eles já têm
na ponta na língua a teoria de
que nesse esporte o que importa é vencer, não dar espetáculo.
Após uma sonolenta vitória
por 2 a 0 no último teste antes
da estréia na Olimpíada, sobre
o fraco Vietnã, o número 124 do
ranking da Fifa, alguns dos jogadores mais talentosos da seleção masculina exaltaram o
triunfo e relevaram o futebol
ruim. O mais enfático foi o volante Anderson, um dos líderes
do time e com fama de técnico.
"No Brasil, se vive muito de
show, mas a maioria dos jogadores que atuam na Europa sabe que no futebol se vive de vitórias, não de show. Ninguém
lembra do segundo [colocado]",
disse o ex-gremista, dando como exemplo o jogo de ontem e
também a vitória de seu clube,
o Manchester United, na final
da última Copa dos Campeões.
"O Manchester ganhou. Ninguém lembra do Chelsea, que
jogou bem a decisão, mas foi o
vice", disse Anderson.
Ele não está sozinho na exaltação à vitória no lugar do espetáculo. Autor do primeiro gol
ontem, logo aos 5min, depois
de passe de Ronaldinho, mas de
resto novamente mal (acabou
substituído), Alexandre Pato
foi ríspido quando questionado
sobre sua atuação.
"Saio contente porque a seleção saiu vitoriosa", disse.
O volante Lucas até reconheceu a importância de ganhar e
jogar bem. Mas disse que o segundo item não é prioridade.
"Primeiro precisa vencer. O espetáculo a gente pode deixar
para uma segunda parte", falou
o volante do Liverpool.
Dunga foi até mais econômico do que seus jogadores ao comentar o desempenho contra o
Vietnã, mas lembrou que, na
sua opinião, o que segura técnico na seleção são vitórias. "Na
seleção brasileira o que vale é o
resultado. Então, se você perde,
realmente aumenta a pressão."
Ontem, no clima quente e
úmido de Hanói, a seleção sumiu depois de abrir o placar. O
resto do primeiro tempo foi sonífero. Pior ainda aconteceu no
início do segundo tempo. O rival, que nem passou pela fase
inicial das eliminatórias asiáticas para o Mundial de 2010, até
chutou bola na trave e exigiu
defesas difíceis de Renan.
Com o agasalho da seleção,
Dunga gritava na beira do gramado com os jogadores após
cada erro de passe -e foram vários, boa parte deles com os laterais Rafinha e Marcelo.
A situação só melhorou um
pouco quando Thiago Neves e
Jô entraram nas vagas de, respectivamente, Diego e Pato.
O jogador do Fluminense
marcou o segundo gol, aos
36min, em belo chute de fora
da área, e o ex-corintiano fez
um gol anulado pelo juiz.
Apesar disso, Dunga deixou
claro que na estréia na Olimpíada, contra a Bélgica, no próximo dia 7, ele deverá o time
que jogou contra Cingapura
-ontem o zagueiro Alex Silva,
suspenso, não atuou. "Seria
uma incoerência colocar um time para jogar e chegar na hora
e mudar tudo", afirmou.
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