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foco
Show "Feira das Nações" põe mulatas para dançar ao som de mariachis
RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM
Pequim teve sua noite de
South American Way. As sambistas da escola carioca Vila
Isabel dançaram ao som de
"Cielito Lindo" acompanhadas por bailarinos de tango e
mariachis. Mas não houve gingado que fizesse as mulatas rebolarem ao mesmo compasso
dos trinados mexicanos.
Em seu sonho de ser superpotência, a China conseguiu
superar os Estados Unidos dos
anos 40. Nem a Hollywood dos
tempos de Carmen Miranda
promoveu tamanho pastiche
da cultura da América Latina.
O diretor artístico, o chinês
Ding Wei, decidiu colocar todo
mundo junto. "A América Latina é muito homogênea, dá
para misturar tudo", disse. O
governo chinês convidou artistas de Brasil, México, Argentina, Colômbia, Peru, México, Cuba e Bahamas para a
Noite Latino-Americana
Em uma hora e meia de espetáculo, o Brasil acabou ficando apenas com cinco minutos de show, com direito a dois
sambas, "Kizomba" e "Aquarela Brasileira". As apresentações mexicanas e colombianas
levaram quase meia hora cada
uma.
"Eles deram prioridade para
os balés e só queriam música
em espanhol", disse à Folha o
diretor da Velha Guarda de Vila Isabel, Adilson Pereira.
"Queríamos cantar Noel Rosa,
Clara Nunes e Ary Barroso,
mas foram vetados."
Noel Rosa teve sorte. A impressão que o espetáculo deixou é que os talentos da China
devem estar absorvidos pela
cerimônia de abertura da
Olimpíada. O que sobrou foi
de um amadorismo no nível da
rede estatal CCTV.
O show foi dividido em cinco partes, com as cores olímpicas como tema. Todos os trechos eram apresentados ao
som da cantora new age Enya.
A platéia chinesa, que contava com deputados comunistas,
esteve sonolenta na maior
parte do espetáculo, mesmo
com os requebros inéditos das
mulatas cariocas -o carnaval
do Rio não é exibido na TV
chinesa por causa da censura.
Quando o grupo peruano
entoou com suas flautas andinas uma canção folclórica da
Mongólia Interior, uma das
Províncias chinesas, os 2.000
espectadores urraram de alegria e aplaudiram durante toda a apresentação.
A euforia se repetiu com o
grupo de mariachis, formado
por mexicanos que moram há
anos na China, ao cantarem a
canção local "Molihua".
Os cantores dublaram na
maioria das apresentações.
Uma das exceções foi o grupo
argentino, que mostrou um
Piazzolla eletrônico que destoou do clima "feira das nações" do governo chinês.
O público elogiou o show.
Para a farmacêutica Zhang
Xiuhang, foi ótimo. "Achei
muito engraçado."
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