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Sem cestinha, Brasil usa conjunto
Pela primeira vez em mais de três décadas, seleção feminina de basquete se vê órfã de uma estrela
"Não há mais fenômenos como Paula e Hortência", diz o técnico Paulo Bassul, que pretende escalar em Pequim time imprevisível e "carudo"
DO ENVIADO A PEQUIM
Sem ter nenhuma estrela em
seu elenco, a seleção feminina
de basquete realizou ontem seu
primeiro treino em Pequim. É a
primeira vez em 33 anos que o
time não terá uma cestinha em
Mundial ou Olimpíada.
Sem a presença de Iziane,
cortada por indisciplina no
Pré-Olímpico Mundial, Bassul
aposta no conjunto para fazer
boa campanha em Pequim.
"Não existem mais fenômenos como Paula e Hortência.
Talvez nunca mais tenhamos.
Por isso, o time tem que se
conscientizar de que todas são
responsáveis pela pontuação."
A função era desempenhada
por Janeth até o Pan-2007.
Com sua aposentadoria, parecia que a vaga de "matadora"
seria herdada por Iziane. A ala,
porém, foi cortada após se recusar a entrar em quadra contra a Belarus durante o Pré-Olímpico Mundial, em Madri.
Bassul quer aproveitar esse
desfalque para tentar surpreender os rivais na Olimpíada -a seleção está no Grupo A,
com Austrália, Belarus, Coréia
do Sul, Letônia e Rússia.
"Mudamos a estrutura tática
da equipe em razão da saída da
Iziane e da chegada da Adrianinha. Vamos adaptar nosso jogo
ao grupo que dispomos e não
deixar a coisa tão previsível",
contou o treinador, referindo-se à armadora, que esteve ausente da seletiva olímpica.
Para ele, o time não irá mais
pontuar tanto. Sendo assim, a
defesa não poderá permitir
muitas cestas ao adversário.
"Não temos mais jogadora
que faça 25, 30 pontos por partida. Por isso, a defesa será nosso carro-chefe. Nossos placares
vão ser baixos. O Brasil tem que
saber enfrentar qualquer equipe do mundo e ceder só 65, 70
pontos", espera o treinador.
O técnico só teme que ninguém assuma responsabilidade
na pontuação, fazendo com que
os ataques tenham trocas de
bola inócuas. "É um risco que
corremos. Temos que fugir disso. O time deve ser determinado na defesa e "carudo" no ataque", diz o treinador, ressaltando que o neologismo que criou
seria uma mescla de confiança
com cara-de-pau.
A expectativa do treinador é
que, agora atuando com duas
armadoras baixas (Adrianinha
e Claudinha, ambas de 1,70 m),
o time ganhe em velocidade e
distribuição de bola.
Nem quando enfrentar times
com jogadoras altas, como Rússia, Austrália e Belarus, rivais
do Brasil na primeira fase do
torneio olímpico, o técnico pretende rever a estratégia.
"Nesses jogos posso colocar
duas pivôs fortes, como a Grazi
[1,91 m] e a Kelly [1,92 m]. Mas a
idéia é manter as baixinhas na
quadra. Quero ver as jogadoras
altas conseguirem marcá-las."
Sem nenhum grande nome
após a dispensa da pivô Érika
por lesão, o grupo aprova a distribuição de responsabilidade.
"Não vamos mais ficar olhando
só uma jogadora. Seremos mais
solidárias. Não adianta alguém
marcar 30 pontos e o time perder o jogo", diz Claudinha.
Na preparação para Pequim,
a principal preocupação tem sido a ala Micaela, que sofreu estiramento muscular na coxa direita e vem sendo poupada de
treinos e amistosos. O Brasil já
marcou dois deles antes da estréia na Olimpíada. Na segunda-feira, pega a Espanha. Na
quinta, o rival é a Nova Zelândia.
(ADALBERTO LEISTER FILHO)
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