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FUTEBOL
Santos, de Emerson Leão, e Corinthians, de Juninho, relembram na Vila Belmiro duelo entre linha-dura e liberais
Clássico revive divisão da "democracia"
RICARDO PERRONE
DA REPORTAGEM LOCAL
Leão e Juninho, colegas na "democracia corintiana", repetem no
clássico de hoje entre Santos e Corinthians um duelo que marcou o
movimento da década de 80.
A partida, às 16h, na Vila Belmiro, confronta a "ditadura" do santista com o estilo "democrático"
exibido pelo corintiano.
"O Leão é um treinador disciplinador, que cobra até as atitudes
do jogador fora de campo. O Juninho é bem diferente, é um paizão", disse o corintiano Robert.
Ele trabalhou com os dois técnicos -em 2002 estava no Santos.
Depois de três partidas no comando do time do Parque São
Jorge, Juninho recebe elogios dos
jogadores por ouvir suas opiniões
até sobre a maneira de atuarem.
Do outro lado, Leão, que em
2000 prometeu fazer uma "ditadurazinha" na seleção, comanda
seus atletas com mãos de ferro.
No Santos, têm sido comuns as
broncas em público.
William passou pelo constrangimento de receber uma bola de
vôlei do técnico no treino. Isso
porque Leão não gostou de ouví-lo elogiar uma palestra de Bernardinho, treinador da seleção brasileira masculina.
No Parque São Jorge, as cobranças de Juninho são mais discretas.
"Às vezes, quem olha acha que ele
está brincando, só que ele está
dando uma dura. Ele faz isso sorrindo", disse o goleiro Doni.
Na "democracia corintiana",
Juninho estava acostumado a participar das decisões do futebol do
clube em votações feitas pelos jogadores e a comissão técnica.
Como treinador, ele não chega a
tanto, mas, além dos atletas, ouve
seus auxiliares e o preparador físico, Moraci Sant'Anna.
Juninho diz que seu estilo não é
um reflexo da experiência vivida
no movimento liderado por Sócrates, Vladimir e Casagrande.
"Esse é meu modo tradicional
de agir. Em um grupo sempre há
opiniões diferentes", afirmou.
Diferenças num mesmo elenco
ele experimentou com seu ex-companheiro Leão em 1983,
quando ambos ajudaram o Corinthians a ser bi paulista.
Juninho era amigo dos líderes
do movimento corintiano e do
principal opositor, Leão.
"Eu navegava bem pelo elenco,
sem discriminar ninguém", afirmou o comandante do Corinthians, que faz a sua primeira partida após a diretoria anunciar que
ele ficará no clube em 2004.
Ainda hoje, Sócrates afirma que
o ex-goleiro tentou "derrubar" o
sistema em que todos os atletas
participavam das escolhas.
Leão teria sido contra o fim da
concentração para os casados. Ele
também teria tentado dividir o time se aproximando dos jogadores mais jovens para colocá-los
contra o movimento.
Leão não gosta de falar sobre a
"democracia corintiana", que
chegou aos palanques para apoiar
a campanha das "Diretas Já", pela
volta do direito ao voto para escolher o presidente do Brasil.
"Só falo do Santos. A democracia eu não vi e jogava futebol. Hoje, sou treinador e não quero falar
da minha fase de atleta", declarou.
Leão e Juninho enfrentam situações bem diferentes no Brasileiro.
O santista almeja o bicampeonato. O corintiano tenta motivar os
jogadores, que não sonham mais
com uma vaga na Libertadores.
Colaborou a Agência Folha, em Santos
NA TV - Globo (só para SP)
e Record (para São Paulo e
Fortaleza), ao vivo, às 16h
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