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São Paulo, domingo, 02 de novembro de 2003

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FUTEBOL

Santos, de Emerson Leão, e Corinthians, de Juninho, relembram na Vila Belmiro duelo entre linha-dura e liberais

Clássico revive divisão da "democracia"

RICARDO PERRONE
DA REPORTAGEM LOCAL

Leão e Juninho, colegas na "democracia corintiana", repetem no clássico de hoje entre Santos e Corinthians um duelo que marcou o movimento da década de 80.
A partida, às 16h, na Vila Belmiro, confronta a "ditadura" do santista com o estilo "democrático" exibido pelo corintiano.
"O Leão é um treinador disciplinador, que cobra até as atitudes do jogador fora de campo. O Juninho é bem diferente, é um paizão", disse o corintiano Robert. Ele trabalhou com os dois técnicos -em 2002 estava no Santos.
Depois de três partidas no comando do time do Parque São Jorge, Juninho recebe elogios dos jogadores por ouvir suas opiniões até sobre a maneira de atuarem.
Do outro lado, Leão, que em 2000 prometeu fazer uma "ditadurazinha" na seleção, comanda seus atletas com mãos de ferro.
No Santos, têm sido comuns as broncas em público.
William passou pelo constrangimento de receber uma bola de vôlei do técnico no treino. Isso porque Leão não gostou de ouví-lo elogiar uma palestra de Bernardinho, treinador da seleção brasileira masculina.
No Parque São Jorge, as cobranças de Juninho são mais discretas. "Às vezes, quem olha acha que ele está brincando, só que ele está dando uma dura. Ele faz isso sorrindo", disse o goleiro Doni.
Na "democracia corintiana", Juninho estava acostumado a participar das decisões do futebol do clube em votações feitas pelos jogadores e a comissão técnica.
Como treinador, ele não chega a tanto, mas, além dos atletas, ouve seus auxiliares e o preparador físico, Moraci Sant'Anna.
Juninho diz que seu estilo não é um reflexo da experiência vivida no movimento liderado por Sócrates, Vladimir e Casagrande.
"Esse é meu modo tradicional de agir. Em um grupo sempre há opiniões diferentes", afirmou.
Diferenças num mesmo elenco ele experimentou com seu ex-companheiro Leão em 1983, quando ambos ajudaram o Corinthians a ser bi paulista.
Juninho era amigo dos líderes do movimento corintiano e do principal opositor, Leão.
"Eu navegava bem pelo elenco, sem discriminar ninguém", afirmou o comandante do Corinthians, que faz a sua primeira partida após a diretoria anunciar que ele ficará no clube em 2004.
Ainda hoje, Sócrates afirma que o ex-goleiro tentou "derrubar" o sistema em que todos os atletas participavam das escolhas.
Leão teria sido contra o fim da concentração para os casados. Ele também teria tentado dividir o time se aproximando dos jogadores mais jovens para colocá-los contra o movimento.
Leão não gosta de falar sobre a "democracia corintiana", que chegou aos palanques para apoiar a campanha das "Diretas Já", pela volta do direito ao voto para escolher o presidente do Brasil.
"Só falo do Santos. A democracia eu não vi e jogava futebol. Hoje, sou treinador e não quero falar da minha fase de atleta", declarou.
Leão e Juninho enfrentam situações bem diferentes no Brasileiro. O santista almeja o bicampeonato. O corintiano tenta motivar os jogadores, que não sonham mais com uma vaga na Libertadores.


Colaborou a Agência Folha, em Santos

NA TV - Globo (só para SP) e Record (para São Paulo e Fortaleza), ao vivo, às 16h


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