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POBRE MENINO RICO
Rebaixado para a equipe B, lateral reestréia por baixo em jogo irrelevante no Morumbi
Relegado, Gabriel volta ao final da fila
DA REPORTAGEM LOCAL
Em pouco mais de um ano, o
lateral são-paulino Gabriel, 22,
percorreu o trajeto anonimato-fama-anonimato com uma velocidade assombrosa. Hoje, ele
desce mais um degrau em sua
curta e conturbada carreira: estréia na equipe B do clube, que
disputa a insignificante Copa Estado de São Paulo.
Tratado como um "pepino
deixado pela diretoria anterior"
segundo o atual presidente,
Marcelo Portugal Gouvêa, Gabriel caiu em desgraça porque os
cartolas consideram sua relação
custo-benefício desvantajosa.
Depois de estourar no início
do ano passado, quando chegou
a colocar o então titular, Belletti,
no banco de reservas, Gabriel
conseguiu fechar um contrato
(válido até janeiro de 2005) por
invejáveis R$ 86 mil mensais.
O salário subiu na proporção
inversa de sua produtividade.
Criticado, deixou o time e perdeu espaço para atletas mais jovens como o lateral Thiago, 20.
Em Barueri, onde o time B realiza suas atividades, Gabriel se
transformou num autêntico estranho no ninho. Enquanto chega para treinar a bordo de carros
como Audi A3 (cerca de R$ 65
mil) e Xsara Picasso (R$ 47 mil),
seus novos companheiros se locomovem de ônibus.
"É constrangedor", afirmou o
jogador, agora comandado por
Cilinho, responsável pelas categorias de base do clube.
Somados, os salários dos outros 21 jogadores que estarão em
campo no jogo de hoje não chegam nem perto dos vencimentos
do lateral-direito.
O Atlético paga ajudas de custo entre R$ 150 e R$ 500 para cada atleta -os mais experientes
ganham cerca de R$ 3.000.
A política de remuneração do
São Paulo nas categorias de base
prevê o pagamento de R$ 1.200.
O ex-jogador Wladimir, pai e
procurador de Gabriel, atribui a
derrocada do lateral à sua intenção de, no ano passado, colocar
o filho em algum clube da Europa. Gouvêa nega. "Não há nada
pessoal. Se ele arrebentar em Barueri, volta para o time de cima."
Enquanto isso, Wladimir tenta
costurar uma solução. Por meio
de um interlocutor na diretoria
são-paulina, conseguiu iniciar
os contatos que visam "resolver
o problema de forma satisfatória
para os dois lados".
(ALEC DUARTE E MARÍLIA RUIZ)
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