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PAN 2003
Acostumada com o anonimato, seleção comemora chance de atuar em estádio lotado e sonha com medalha inédita
País do beisebol vira incentivo do Brasil
DOS ENVIADOS A SANTO DOMINGO
Parece outro mundo. Discussões acaloradas sobre a modalidade nos bares, crianças com tacos,
bolas e luvas que improvisam jogos em todos os cantos, propagandas com os astros espalhadas
pelas ruas. Tudo o que os jogadores de beisebol do Brasil jamais
encontraram em seu país.
Em Santo Domingo, eles formam o grupo que mais motivos
tem para se empolgar com o Pan.
O motivo é simples: o beisebol é o
esporte número um dos dominicanos, que criaram uma enorme
expectativa para a competição.
"Nossos atletas ficam impressionados com as propagandas nas
ruas, pois não estão acostumados
a ver o esporte que praticam como algo popular, acessível", disse
Jorge Otsuka, presidente da Confederação Brasileira de Beisebol e
coordenador da seleção.
O time pega hoje a seleção mexicana em sua estréia no torneio.
Apesar de não contarem com
seus mais famosos atletas, como
Sammy Sosa e Pedro Martínez,
que atuam nos EUA, os habitantes do país-sede acreditam que os
jogadores podem quebrar um incômodo jejum. O último ouro obtido no beisebol data de 1955, no
Pan da Cidade do México.
"Os organizadores dizem que os
melhores públicos dos Jogos serão registrados no beisebol. Isso
incentiva muito nossos atletas,
que jamais jogaram para tanta
gente", contou Otsuka.
O público não preocupa nem
quando o rival é uma potência na
modalidade, como EUA, Cuba e
Canadá. "Estamos na condição de
desafiantes, e isso nos favorece.
Quando os grandes precisarem
nos enfrentar, a pressão ficará toda sobre eles", disse Jorge Mitsuyoshi, técnico do Brasil.
O clima de euforia dos donos da
casa também tem explicação técnica. Os dois principais rivais,
EUA e Cuba, não compareceram
com força máxima. O primeiro
viajou com um time universitário,
e o segundo, com juvenis.
O Brasil conta com um elenco
formado quase totalmente por
descendentes de japoneses, fato
que é motivo de preocupação para os dirigentes. Segundo Otsuka,
é preciso popularizar o esporte.
"Não podemos viver só com jogadores da comunidade japonesa. Precisamos de mais gente praticando para formar uma grande
equipe." O país jamais obteve
uma medalha na competição.
Neste Pan, o Brasil corre por fora. "Nosso objetivo é o bronze.
Não viemos só para aprender
com os outros. Queremos medalha", disse Otsuka.
(EDUARDO OHATA, GUILHERME ROSEGUINI E JOÃO CARLOS
ASSUMPÇÃO)
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