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FUTEBOL
A ameaça olímpica
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
A seleção olímpica do Brasil
manteve o país na liderança
do ranking da Fifa com sua boa
performance na Copa Ouro, mas
muitas coisas ameaçam a conquista da tão esperada medalha
de ouro. O Pré-Olímpico, confirmado para o Chile, bronze em
Sydney-2000, será dos mais duros.
A Conmebol, que vendeu ridículo balão de ensaio para recuperar meia vaga na Copa do Mundo, deveria ter concentrado seus
esforços no sentido de ampliar seu
espaço nos Jogos Olímpicos. A
América do Sul tem só duas vagas, o dobro do número de vagas
da Oceania, região que mais uma
vez não conseguiu acesso sem repescagem à Copa. A África, bastante competitiva quando o assunto é sub-23 (com ou sem exames ósseos para precisar a idade
dos atletas), tem quatro vagas.
Mesmo com uma equipe qualificada, o Brasil corre o risco de repetir Barcelona-1992 (quando viu
os Jogos pela TV).
A Argentina venceu três dos últimos quatro Mundiais sub-20.
Uma geração tão talentosa quanto vitoriosa credencia os principais rivais do Brasil a uma vaga.
Uruguai e Chile, por campanhas
recentes em importantes competições, também devem engrossar (o
último terá ainda a condição de
anfitrião que o Brasil teve no Pré-Olímpico-2000). Isso para não falar de novas ameaças, como a Colômbia, que derrotou o Brasil na
fase final do Sul-Americano juvenil e que mais uma vez conta com
promissora geração, mais séria
que a de Valderrama, Higuita,
Asprilla e Rincón.
Muita gente pode não gostar ou
não acreditar, mas o futebol vai
abrir os Jogos de Atenas. Dois dias
antes da cerimônia de abertura
da Olimpíada, o esporte mais popular do mundo dará início ao
evento. O Comitê de Emergência
da Fifa definiu em julho os últimos detalhes dos dois torneios de
futebol. A final masculina será no
estádio Olímpico de Atenas às
10h, não mais ao meio-dia, o que
seria uma ameaça especialmente
aos países de clima mais frio.
O camaronês Issa Hayatou, vice-presidente da Fifa que chefia a
comissão da entidade para assuntos olímpicos e que é membro
do COI, não só acertou todos os
detalhes dos torneios de futebol
com os gregos como deixou clara
sua torcida. "Espero que Camarões traga para casa a medalha
de ouro", disse o ex-campeão dos
400 m e 800 m de seu país.
A seleção camaronesa, campeã
olímpica e algoz do Brasil em
Sydney, é apenas uma das não
sul-americanas que ameaçam a
seleção brasileira (se essa chegar
lá). Portugal, meio no espírito de
Felipão, ganhou o Europeu sub-17, foi vice do Europeu sub-19 e é
forte concorrente ao Europeu
sub-21, que rende três vagas em
Atenas. A Itália, campeã sub-19, e
a França, uma nova fábrica de
craques, mantêm 100% de aproveitamento no torneio sub-21 e
também são apostas européias.
O México, que deixou de ser freguês do Brasil faz tempo, hospedará o Pré-Olímpico da Concacaf
e deve representar sua região. É o
tipo de adversário que é desprezado por aqui, onde tanto confete
está sendo atirado em alguns jovens ídolos. Essa é, talvez, a maior
ameaça.
A ameaça juvenil
O Mundial sub-17 começa no dia 13, e o grupo do Brasil não é brincadeira. Camarões e Portugal são candidatos ao título. A seleção brasileira corre risco de eliminação na primeira fase.
A ameaça feminina
O Mundial-03 deve ver a ascensão de seleções sem muita tradição,
como a França. O país está em 9º no ranking da Fifa e pega o Brasil na
primeira fase. E a Noruega, segunda na lista, também está no grupo.
A ameaça júnior
O Mundial não é nada assustador para o Brasil na primeira fase,
quando só a República Tcheca deve complicar. Mas a Argentina,
com a Espanha em sua chave, está bem mais cotada.
E-mail rbueno@folhasp.com.br
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