|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Macedônia vira Tibete na Vila
Policiais confundem bandeiras e interpelam canoísta; capoeirista brasileiro também ganha "visita'
Saso Popovski, que também é dirigente do comitê de seu país, teve de recorrer ao COI para conseguir desfazer o mal-entendido com chineses
RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM
Colocar bandeiras nas sacadas de Pequim, em temporada
olímpica, virou assunto de polícia. Secretário-geral do Comitê
Olímpico da Macedônia, Saso
Popovski, 41, foi visitado por
policiais e voluntários em seu
apartamento na Vila Olímpica
depois de desfraldar duas bandeiras de seu país no terraço.
"Eles acharam que fosse a
bandeira do Tibete e me pediram para retirá-la", disse Popovski à Folha. O Tibete é uma
Província separatista ocupada
pela China desde 1950 e a repressão a qualquer movimento
de independência merece todo
esforço do regime chinês.
Na semana passada, o capoeirista carioca Aroldo Valentim Espíndola, 43, passou pelo
mesmo constrangimento. A
polícia chinesa exigiu que ele
tirasse a bandeira do Brasil que
colocou na sacada do seu quarto em um hotel de Pequim.
A caça contra as bandeiras
revela a paranóia da segurança
chinesa - qualquer possibilidade de protesto é vista como
terrorismo pelas autoridades.
O governo chinês queria
proibir, inicialmente, que torcedores entrassem com qualquer bandeira nos estádios e ginásios. No mês passado, liberou que os torcedores possam
levar uma bandeira com até
dois metros de comprimento.
Faixas estão proibidas.
O cartola macedônio, que
também compete na canoagem, diz que precisou ligar para
o COI para desfazer o mal-entendido. Esta é a sexta participação do pequeno país da ex-Iugoslávia nos Jogos.
Apesar das duas bandeiras
terem um sol ao meio com
raios coloridos a partir dele, a
bandeira tibetana é vermelha e
azul, enquanto a da Macedônia
é vermelha e amarela.
A bandeira do Brasil também
sofreu perseguição. Ao chegar a
Pequim para dar aulas a seus
30 alunos, o capoeirista Espíndola, o Mestre Feijão, colocou
uma bandeira de 2 m no terraço do hotel Asian Pacific.
"Pensei que fosse clima olímpico, cada um colocando a bandeira de seu país para torcer."
Às 9h, o gerente do hotel ligou para ele para que tirasse a
bandeira. Feijão não levou a sério. Às 11h, uma patrulha da polícia já estava no térreo do
Asian Pacific. "O gerente me ligou dizendo que ele seria preso
se eu não tirasse a bandeira."
"Já estive na Rússia, em vários países, e sempre pude colocar a bandeira numa boa.
Agora, ela só fica na sala."
O governo prometeu no mês
passado que manifestantes poderiam protestar em três parques distantes da Vila Olímpica. Mas ontem a primeira candidata a manifestante foi detida. De acordo com a exigência
local, a médica aposentada Ge
Yifei foi à Secretaria de Segurança de Pequim pedir permissão para protestar contra a destruição da área de lazer do condomínio onde mora por uma
empreiteira, em Suzhou.
Autoridades dessa cidade,
que a seguiram, apareceram na
hora e a forçaram deixar Pequim, segundo ela relatou ao
jornal "South China Morning
Post", de Hong Kong.
Texto Anterior: Escrita: Time defende série contra Vasco Próximo Texto: Doping antigo: COI cassa ouro de americanos em Sydney-2000 Índice
|