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COI diz que atletas têm direito de se manifestar
Entidade discute censura com chineses site por site
ADALBERTO LEISTER FILHO
ENVIADO ESPECIAL A PEQUIM
O presidente do Comitê
Olímpico Internacional, Jacques Rogge, deu nova munição
às ONGs de direitos humanos
que pretendem conquistar visibilidade às suas causas durante
a Olimpíada de Pequim.
O dirigente declarou ontem,
em entrevista na capital chinesa, que o COI garantirá a todos
os competidores o direito de
dar opiniões em entrevistas.
"Não estou preocupado com
isso. Os atletas têm o livre direito de se expressar, desde que
estejam em conformidade com
a Carta Olímpica", disse Rogge.
"Se decidirem criticar a China, não há problema, inclusive
na zona mista ou nas entrevistas coletivas", acrescentou o
belga, entrando em conflito
aberto com os chineses pela
terceira vez nos últimos dias.
Semana passada, Rogge declarou que Pequim teria número recorde de casos de doping
diante dos 4.500 exames previstos para serem realizados.
A declaração foi respondida
pelos chineses responsáveis
pelo antidoping, temerosos de
um recorde às avessas.
No meio da semana, o COI
entrou em divergências com o
Bocog (comitê organizador dos
Jogos) após esse limitar o acesso à internet. Negociação conduzida pelo comitê obteve a liberação de endereços eletrônicos de noticiosos e de ONGs.
"Ficamos cientes do problema e nos comunicamos com os
organizadores para exercer
pressão. E, no outro dia, foram
liberados alguns sites", relatou
Rogge. A censura segue em relação a temas tabus como Tibete, que reivindica independência, e Falun Gong, movimento
espiritual com influências budistas banido no país.
"Não há censura ao trabalho
dos jornalistas, que estão livres
para reportar. Quanto à internet, que é uma ferramenta-chave para realizar seus trabalhos,
solicitamos a abertura e não
podemos fazer mais nada do
que ficar alentando para que
haja solução", afirmou Giselle
Davies, porta-voz do COI.
A negociação tem sido exaustiva e caso a caso. "O trabalho
está progredindo. Um grupo foi
criado para examinar os sites
um a um. Não houve alteração
em relação às promessas feitas
em 2001 [quando Pequim ganhou a sede da Olimpíada]",
afirmou Kevan Gosper, chefe
de imprensa do COI. Apesar da
frase otimista, a insatisfação
grassa. Problemas com correio
eletrônico travado e internet
lenta também são detectados.
"O Bocog nos prometeu o
melhor. Hoje, os credenciados
têm o acesso mais amplo possível. Isso é sem precedentes na
China", afirmou Rogge, que não
se esquivou nem de comentar
polêmica sobre o times chinês.
Um jornalista questionou se
o COI iria punir a ginasta Yang
Yun, que confessou, em vídeo
postado no Youtube, ter 14
anos nos Jogos de Sydney, em
2000. Ela ganhou dois bronzes.
"Boa pergunta. Não tinha
pensado em mudar as medalhas. Mas é bem interessante
pensar", disse, agravando ainda
mais polêmica criada pelos
EUA, que acusam a China de
contar em Pequim com ginastas abaixo da idade permitida.
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