São Paulo, quarta-feira, 03 de setembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Parreira vai comandar revelações da Traffic

Parceira do Palmeiras lança projeto ousado para criar atletas e treinadores

"É o primeiro grande passo para deixar quatro linhas", afirma novo diretor técnico, que terá à disposição um CT orçado em R$ 16 milhões


EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL

Carlos Alberto Parreira, 65, foi o escolhido para o projeto mais ambicioso da Traffic, agência de marketing esportivo e parceira do Palmeiras.
A contratação dele, revelada pela Folha, faz parte do plano da empresa de criar um centro de excelência para a formação de jogadores e técnicos.
Ele será o diretor técnico da "Academia Traffic de Futebol", moderno centro de treinamento que será inaugurado pela empresa em Porto Feliz (a 112 km da capital paulista).
É lá que Parreira dará seus primeiros passos como executivo e terá a missão de revelar jogadores e treinadores para serem colocados no mercado.
"Ele não só vai supervisionar como vai preparar toda a equipe técnica. Nós queremos ser uma grife nisso. Fazer um trabalho de excelência, melhor que o dos clubes", disse J.Hawilla, o presidente da Traffic.
O novo desafio do ex-treinador da seleção o fez revelar que está perto da aposentadoria.
"Esse é o primeiro grande passo para eu sair das quatro linhas. Não é que eu queira deixar [de ser treinador]. É que, depois de 40 anos, você começa a pensar mais na família, nos netinhos", declarou Parreira.
De acordo com ele, a chance de assumir o Palmeiras caso Vanderlei Luxemburgo vá para a seleção brasileira é "zero".
Os executivos da Traffic revelaram que há três anos tentavam convencê-lo a trabalhar na empresa. "Resolvi aceitar porque acredito nisso. Será um projeto de médio a longo prazo", falou o agora diretor.
O novo local de trabalho de Parreira custou R$ 16 milhões, terá cinco campos oficiais, alojamento para 120 atletas, salas de fisiologia e musculação. Os alunos terão aulas de idiomas e até curso de boas maneiras.
A empresa estima que a manutenção do centro custará cerca de R$ 4,5 milhões ao ano.
"É um projeto muito caro, manter mais de cem garotos e 30 profissionais. E qual é a garantia que temos de retorno? Nenhuma", disse Parreira.
A idéia da Traffic é construir outros dez iguais espalhados pelo Brasil. A empresa já tem uma série de olheiros espalhados para garimpar jogadores.
O segundo passo é fazer parcerias com clubes para colocar os atletas na vitrine. Atualmente, a Traffic tem um clube-empresa, o Brasil Desportivo, que tem a finalidade de revelar atletas. "Esse é o melhor modelo de apoio ao futebol, melhor do que MSI ou Parmalat, porque queremos a profissionalização da administração dos clubes", afirmou Hawilla.
O executivo usa o modelo de parceria com o Palmeiras para exemplificar seu pensamento.
"O fundo ficou maior que o Palmeiras e, por isso, colocamos atletas em outros clubes."
A Traffic administra um grupo de cotistas para investir R$ 40 milhões em jogadores.
"Nós criamos um modelo novo, que é uma sociedade anônima de capital fechado que permite a pessoas físicas e jurídicas adquirir direitos econômicos de jogadores", disse Julio Mariz, executivo da empresa.
Na apresentação do projeto, a Traffic fez questão de informar que não quer competir com os clubes. No entanto o desejo da empresa mexe numa seara que é considerada atualmente a salvação dos clubes.
Depois das cotas de TV, a revelação e a venda de jogadores são consideradas as principais fontes de receita das equipes. "Não vamos brigar com ninguém. Acho que vamos contribuir com todos", disse Hawilla.
Parreira, no entanto, foi mais realista em sua previsão. "A mudança é a quebra de um paradigma e, claro, isso provoca resistência", falou o treinador.


Texto Anterior: "Manchester é projeto excitante", diz Robinho
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.