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Parreira vai comandar revelações da Traffic
Parceira do Palmeiras lança projeto ousado para criar atletas e treinadores
"É o primeiro grande passo
para deixar quatro linhas",
afirma novo diretor técnico,
que terá à disposição um
CT orçado em R$ 16 milhões
EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL
Carlos Alberto Parreira, 65,
foi o escolhido para o projeto
mais ambicioso da Traffic,
agência de marketing esportivo
e parceira do Palmeiras.
A contratação dele, revelada
pela Folha, faz parte do plano
da empresa de criar um centro
de excelência para a formação
de jogadores e técnicos.
Ele será o diretor técnico da
"Academia Traffic de Futebol",
moderno centro de treinamento que será inaugurado pela
empresa em Porto Feliz (a 112
km da capital paulista).
É lá que Parreira dará seus
primeiros passos como executivo e terá a missão de revelar
jogadores e treinadores para
serem colocados no mercado.
"Ele não só vai supervisionar
como vai preparar toda a equipe técnica. Nós queremos ser
uma grife nisso. Fazer um trabalho de excelência, melhor
que o dos clubes", disse J.Hawilla, o presidente da Traffic.
O novo desafio do ex-treinador da seleção o fez revelar que
está perto da aposentadoria.
"Esse é o primeiro grande
passo para eu sair das quatro linhas. Não é que eu queira deixar [de ser treinador]. É que,
depois de 40 anos, você começa
a pensar mais na família, nos
netinhos", declarou Parreira.
De acordo com ele, a chance
de assumir o Palmeiras caso
Vanderlei Luxemburgo vá para
a seleção brasileira é "zero".
Os executivos da Traffic revelaram que há três anos tentavam convencê-lo a trabalhar na
empresa. "Resolvi aceitar porque acredito nisso. Será um
projeto de médio a longo prazo", falou o agora diretor.
O novo local de trabalho de
Parreira custou R$ 16 milhões,
terá cinco campos oficiais, alojamento para 120 atletas, salas
de fisiologia e musculação. Os
alunos terão aulas de idiomas e
até curso de boas maneiras.
A empresa estima que a manutenção do centro custará
cerca de R$ 4,5 milhões ao ano.
"É um projeto muito caro,
manter mais de cem garotos e
30 profissionais. E qual é a garantia que temos de retorno?
Nenhuma", disse Parreira.
A idéia da Traffic é construir
outros dez iguais espalhados
pelo Brasil. A empresa já tem
uma série de olheiros espalhados para garimpar jogadores.
O segundo passo é fazer parcerias com clubes para colocar
os atletas na vitrine. Atualmente, a Traffic tem um clube-empresa, o Brasil Desportivo, que
tem a finalidade de revelar
atletas. "Esse é o melhor modelo de apoio ao futebol, melhor
do que MSI ou Parmalat, porque queremos a profissionalização da administração dos
clubes", afirmou Hawilla.
O executivo usa o modelo de
parceria com o Palmeiras para
exemplificar seu pensamento.
"O fundo ficou maior que o
Palmeiras e, por isso, colocamos atletas em outros clubes."
A Traffic administra um grupo de cotistas para investir R$
40 milhões em jogadores.
"Nós criamos um modelo novo, que é uma sociedade anônima de capital fechado que permite a pessoas físicas e jurídicas adquirir direitos econômicos de jogadores", disse Julio
Mariz, executivo da empresa.
Na apresentação do projeto,
a Traffic fez questão de informar que não quer competir
com os clubes. No entanto o
desejo da empresa mexe numa
seara que é considerada atualmente a salvação dos clubes.
Depois das cotas de TV, a revelação e a venda de jogadores
são consideradas as principais
fontes de receita das equipes.
"Não vamos brigar com ninguém. Acho que vamos contribuir com todos", disse Hawilla.
Parreira, no entanto, foi mais
realista em sua previsão. "A
mudança é a quebra de um paradigma e, claro, isso provoca
resistência", falou o treinador.
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