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Jogo modelo do Ministério do Esporte experimenta propostas do Código de Defesa do Torcedor
A PM duvida...
MARÍLIA RUIZ
DA REPORTAGEM LOCAL
Era uma vez um jogo assim... Ingressos antecipados. Transporte
facilitado. Segurança reforçada.
Centenas de monitores. Lugares
demarcados. E até pernil avalizado pela vigilância sanitária.
Um cenário que não convence
nem o comandante do policiamento paulista nos estádios, um
dos maiores interessados na melhoria das condições para os torcedores, e que beira a utopia após
os incidentes das duas últimas semanas no futebol brasileiro.
Hoje, no Pacaembu, com Corinthians x Fluminense, será feito o
primeiro teste das propostas do
Código de Defesa do Torcedor.
O jogo modelo será coordenado
pelo Ministério do Esporte.
"Não dá para pretender que os
brasileiros ajam como os japoneses. Nem na Copa do Mundo, em
que era obrigatório sentar onde
indicava os ingressos, os brasileiros respeitaram. Aqui o torcedor
não se senta. Fica de pé. É emotivo. Quer festa. Nada regula isso",
disse o major Marcos Marinho,
comandante do 2º Batalhão de
Choque da Polícia Militar de SP.
De todas as novidades propostas pelo Código de Defesa do Torcedor, recém-enviado ao Congresso pelo presidente da República para ser votado em regime
de urgência, a que mais interessa à
PM é a instalação do sistema de
monitoramento de imagens.
Com dinheiro doado pelo Ministério do Esporte -cerca de R$
10 mil-, o Pacaembu foi dotado
de dezenas de filmadoras e de um
centro de imagens. Se o código for
aprovado pelos congressistas, todos os clubes terão que fazer o
mesmo em suas arenas.
Além disso, esperam hoje, pelos
torcedores de Corinthians e Fluminense, 200 voluntários teoricamente treinados para auxiliá-los
na localização de assentos e na resolução de pequenos conflitos.
Se o projeto de lei for aprovado,
será virtualmente impossível repetir esse modelo. Num campeonato com 26 clubes, como este
Brasileiro, 2.600 pessoas terão que
se "voluntariar" a cada rodada.
"Os monitores não vão fazer nada demais. Vão ajeitar a fila, indicar a entrada, coisas simples", disse o tenente Elço, responsável pelas entradas da rua Itápolis.
A intenção dos organizadores é
mesmo repassar pouca responsabilidade aos universitários que
ajudarão o público. Para que não
causem transtornos, foram vetados dentro do campo, de onde os
policiais vigiam as arquibancadas, e no setor amarelo, reservado
à organizada Gaviões da Fiel.
Tal setor, diferentemente dos
demais, não foi numerado nem
receberá monitores. A Gaviões vai
monitorar os "gaviões". "É melhor assim. Estamos sempre em
contato para equacionarmos o
trabalho", afirmou o major.
Se o código for aprovado, com
ou sem Gaviões, todos os estádios
terão que ter lugares numerados,
e os torcedores terão que obedecer à numeração dos bilhetes.
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