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FUTEBOL
Reformulação na entidade faz amigos do dirigente pedirem demissão
Teixeira perde dois de seus maiores aliados na CBF
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
Descontentes com a reformulação da diretoria promovida pela
Fundação Getúlio Vargas, dois
dos mais antigos dirigentes da
Confederação Brasileira de Futebol estão deixando a entidade.
O primeiro a pedir demissão foi
o diretor de patrimônio, Melchiades Mariano, que estava na CBF
desde os anos 80, antes de Ricardo
Teixeira assumir a presidência.
Em setembro, ele deixou o cargo, sem alarde, por não concordar
com a reorganização interna. Pelo
novo organograma, sua diretoria
perderia poder na estrutura da
CBF. A decisão do dirigente só foi
comunicada oficialmente no dia
30 de setembro, quando ele enviou sua carta de demissão a todas
as federações filiadas.
""A minha decisão está na carta.
Não falo mais sobre o assunto",
disse Mariano à Folha.
Apesar de se manter praticamente no anonimato, o dirigente
era um dos maiores aliados de
Teixeira, tendo sido um dos articuladores da campanha que começou no México, em 1986.
No ano passado, ele cedeu sua
casa para uma das mais polêmicas reuniões da CBF. Na ocasião,
o presidente da entidade reuniu
todos os presidentes de federações para dar início a uma ofensiva contra a CPI do Senado, que
devassou sua administração.
Teixeira pediu, sem sucesso, aos
presidentes das federações que o
ajudassem a evitar a aprovação do
relatório da CPI. Os senadores sugeriram ao Ministério Público, no
relatório final da CPI, o indiciamento de Teixeira pela prática de
crimes fiscais, lavagem de dinheiro e apropriação indébita.
A conversa foi captada pela Rádio Gaúcha. A fita foi gravada a
partir do telefone celular do presidente da Federação de Futebol do
Rio Grande do Sul, Emídio Perondi. O repórter da emissora havia ligado para o dirigente, que
não atendeu o telefonema, mas
deixou o celular ligado.
Mariano era o dirigente mais reservado da CBF. Ao ser indagado
pela Folha sobre a decisão, ele se
limitou a dizer que era ""pessoal".
O outro dirigente que está deixando a CBF é o ex-diretor de futebol feminino da CBF Luiz Miguel Estevão de Oliveira, irmão do
senador cassado Luiz Estevão.
Ele disse que vai falar com Teixeira antes de oficializar a saída.
Segundo Luiz Miguel, seu departamento foi englobado no ""novo
departamento de seleções".
""Estou aguardando o Ricardo
para decidir sobre isso", disse o
dirigente, que foi vice-presidente
da CBF no primeiro mandato de
Teixeira. Luiz Miguel é um dos
homens fortes da administração.
Ele já ocupou várias vezes a presidência da entidade. ""A decisão
depende das condições que vão
ser dadas para mim. Tenho que
aceitar muita coisa."
Desde o mês passado ele está
tentando falar com Teixeira, mas
não consegue localizá-lo. "As mudanças me foram comunicadas
pelo secretário-geral [Marco Antônio Teixeira". Vou tentar encontrá-lo na Suíça para falar sobre
o assunto", disse o dirigente, na
segunda-feira, antes de embarcar
para a sede da Fifa, onde ele participaria na sexta-feira de uma reunião sobre futebol feminino.
Para Luiz Miguel, a saída de
Melchiades Mariano vai ser uma
grande perda para a CBF. ""Ele é
uma bandeira na CBF. O Mariano
esteve com o Ricardo em todos os
momentos", disse.
As mudanças que agora estão
sendo colocadas em prática foram fruto de trabalho da FGV,
contratada pela CBF há cerca de
dois anos. Além de enxugar as diretorias da CBF, a fundação foi a
responsável pela transferência da
entidade da tradicional sede no
centro do Rio para um "bunker"
na Barra da Tijuca, na zona oeste.
A mudança ocorreu logo depois
da Copa do Mundo.
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