São Paulo, domingo, 04 de janeiro de 2004 |
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FUTEBOL Responsável pelo marketing corintiano, Carla descarta presidir clube, como o avô, para não atrapalhar negócios Neta de Dualib troca herança por clientes
RICARDO PERRONE TONI ASSIS DA REPORTAGEM LOCAL Em pouco mais de um ano, Carla Dualib, 33, reformulou o marketing corintiano, colecionou desafetos no Parque São Jorge e criou vínculos com os arquiinimigos do clube presidido desde 1993 por seu avô, Alberto. Sua empresa, a SMA (Sports Marketing Agency) já fez trabalhos para Santos, São Paulo e Palmeiras, além do Cruzeiro. De olho nos negócios, Carla deixa as raízes corintianas em segundo plano e descarta um dia ocupar o cargo de seu avô. "Pretendo continuar minha carreira na área de marketing e fazer do esporte brasileiro e do futebol um negócio de credibilidade", afirmou ela em entrevista por e-mail. Em suas respostas, tratou formalmente o Corinthians e seu presidente. Carla chamou o avô de "sr. Alberto" e se referiu ao clube do qual é conselheira como SCCP. Ela usou só a sigla do Sport Club Corinthians Paulista. Hoje, a agência também trabalha para as escolinhas do Santos, para o meia-atacante Rivaldo e, recentemente, passou a ter a Siemens Mobile como cliente. Carla participou das negociações da multinacional com o Cruzeiro e com o São Paulo (esse contrato depende de uma disputa judicial entre o clube e a LG, parceira anterior da equipe). Antes, já havia gerado polêmica ao apresentar, em vão, uma proposta de patrocínio para o Palmeiras, principal adversário do time para o qual torce. Esses negócios aumentaram o descontentamento de conselheiros corintianos que já consideravam antiético a neta do presidente trabalhar para o clube. Os insatisfeitos evitam falar publicamente sobre o assunto, mas já tinham pressionado o presidente antes mesmo de Carla assumir o seu relacionamento profissional com os concorrentes. A maior queixa ocorreu por causa de pagamentos feitos à SMA enquanto direitos de imagens de jogadores estavam atrasados, durante o Brasileiro-03. A neta do comandante corintiano diz que os atletas têm preferência na hora de receber. "Os salários são sempre prioridade, e os atrasos ainda são bastante comuns nesse negócio." Carla afirma também não receber salário. Diz ganhar comissões de acordo com os negócios que concretiza. O primeiro deles foi o patrocínio da Nike, fechado no final de 2002. Nem ao Conselho Deliberativo Dualib revelou quanto a empresa de sua neta faturou pelo negócio. Formada em desenho industrial e administração de empresas, ela foi apresentada ao HMTF por seu avô, em 1999. Trabalhou para o então parceiro do clube e cuidou da Corinthians Licenciamento. Com o fim da parceria, em 2002, ela fundou a SMA e teve o Corinthians como seu primeiro cliente. Carla não esconde que o fato de ser neta do presidente corintiano impulsionou o início de sua carreira, depois de fazer pós-graduação em propaganda e marketing. "No início, as vantagens [de ser neta de um presidente de clube] parecem ser maiores, pois, sendo ele um dirigente de muita credibilidade, diversas portas se abrem. Porém, com o tempo, responsabilidades e cobranças triplicam." Em busca de mais verbas para o Corinthians, Carla procura estreitar o relacionamento dos corintianos com a equipe, por meio de projetos como o sócio-torcedor. Ao mesmo tempo em que tenta transformar a paixão dos fãs em receita para o clube, Carla espera que os dirigentes sejam menos torcedores e acabem com alguns tabus. Um deles é o veto a materiais publicitários em verde. E ela começa a vencer a resistência. Até então proibida no Parque São Jorge, a cor mais marcante do uniforme palmeirense já aparece em placas de um patrocinador em volta do gramado do estádio. "Isso chama-se profissionalismo, mas ainda deve demorar um pouco, afinal estamos falando de rivalidades", declarou. Disposta a cuidar da imagem de mais jogadores, Carla diz que não há chances de ajudar a reforçar rivais do Corinthians com atletas sob sua orientação, pois não cuida de contratações. Porém dois de seus clientes se juntarão, caso Rivaldo vá jogar no Cruzeiro. Texto Anterior: Doping: Austrália paga sua cota de 2004 à Wada Próximo Texto: Memória: Laços de família marcam história dos corintianos Índice |
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