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FUTEBOL
O peso da amarelinha
ZAGALLO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Mesmo com tantos problemas de convocação, acho
que o Ricardo Gomes fará um
bom trabalho e vai classificar o
Brasil para Atenas.
O principal problema é saber
quem foi o gênio que mandou o
torneio começar na primeira semana de janeiro. Só pode ser alguém que não tem família, ou
que não precisa se apresentar na
semana do Natal ou do Ano Novo. Sou sincero e acho isso uma
palhaçada. Mas, mesmo assim, o
Brasil vai bem, vai passar pelo
Pré-Olímpico.
Eu já passei por esse momento,
fui campeão no Pré-Olímpico disputado na Argentina, em 96, mas
depois não ganhamos o ouro.
Só que o ouro é questão de tempo. Antes era mais difícil, porque
os brasileiros vinham com jogadores amadores e os europeus, especialmente os do Leste, atuavam
com a equipe principal. Mas só
não ganhamos por dois motivos.
Primeiro, porque o povo brasileiro quer mesmo é ganhar a Copa
do Mundo. Segundo, por causa
da falta de sorte na hora final.
Futebol é o esporte número um
do mundo por isso, o melhor nem
sempre vence, há as surpresas,
que são mais raras em outros esportes. Basquete, vôlei, o que você
for pensar, não é assim, não tem a
emoção do futebol. Se bem que no
ano passado o vôlei brasileiro
perdeu para a Venezuela, aí foi
uma surpresa. Mas é tão rara...
O que me dá confiança no Pré-Olímpico é a força que o futebol
brasileiro tem mostrado. Hoje
ninguém tem coragem de dizer
que não somos o número um do
mundo. Somos, sim. Ganhamos a
Copa do Mundo, logo depois o
Mundial sub-17, o Mundial sub-20. É muita coisa para um país só.
Vocês conhecem um país europeu que consiga fazer feito parecido? Não há. Eles vivem comprando nossos atletas, mas na hora de
formar suas seleções é com os deles que devem contar. E se dão
mal, porque os melhores são os
nossos. Temos provado isso competição após competição e é algo
que me deixa muito feliz. Todos
sabem do meu amor pela camisa
verde-amarela.
Sinceramente, quero muito ver
o Brasil colhendo bons resultados
no Pré-Olímpico e, depois, em
Atenas. A vantagem da seleção é
que ela jamais treme. São os outros que se desesperam quando
vêem a amarelinha diante deles.
A força dessa amarelinha é incrível, caçoam de mim, mas é a
pura verdade. Pesa. E pesa muito.
Não na gente, mas no ombro dos
outros, que se sentem assustados
por terem que pegar o Brasil.
É por isso que confio num bom
resultado não só no Chile, mas
também em Atenas.
E, na Olimpíada, vou torcer pelos nossos canarinhos, mas não só
pelo futebol. Quando há verde-amarelo na jogada, pode saber
que o Zagallo está na parada.
Nem que seja só como torcedor.
Até gostava mais de basquete
do que de vôlei, mas hoje eu e o
público brasileiro apreciamos
mais o vôlei. A explicação é simples: é o vôlei que vem vencendo, e
brasileiro curte uma vitória.
Como vitorioso gosta de vitorioso, posso revelar aqui que sou fã
do trabalho do Bernardinho na
seleção masculina de vôlei. Vou
torcer muito por eles na Grécia.
Mas queria aproveitar para homenagear outras personalidades
do esporte brasileiro que nos deram vitórias nos últimos tempos.
O Popó é um deles. Quando ele luta, estou torcendo. Gosto de vê-lo
ganhando, derrubando os rivais.
Também sou fã do Guga, no tênis. Dizem que ele está acabado,
no fim, e que não volta a ser o número um do ranking, mas, por tudo o que fez pelo esporte brasileiro, merece uma reverência, uma
centena de homenagens.
Também não posso me esquecer
da ginástica, de Daniele Hypólito
e Daiane dos Santos, essas baixinhas que tantas alegrias nos trouxeram. Vamos ver se na Olimpíada elas continuam melhorando e
nos dão o esperado ouro -e,
mesmo que não seja ouro, uma
bela atuação, o que no caso delas
já é uma grande vitória.
Finalmente, minha homenagem aos homens que fizeram a
história do Brasil na F-1: Emerson
Fittipaldi, Nelson Piquet, Ayrton
Senna e Rubinho Barrichello.
Não gosto que critiquem o Rubinho. Ele dá toda a garra para
defender o Brasil, e eu gosto de
quem se esforça -e mais ainda
de ver a bandeira flamulando no
pódio. Quando ela é do Brasil,
claro. Se se trata da bandeira de
outro país, para mim não vale.
Sou verde-amarelo de alma e coração e vou ser assim até o final.
Mario Jorge Lobo Zagallo, 72, é tetracampeão mundial de futebol (1958 e
1962, como jogador, 1970, como técnico, e 1994, como coordenador técnico) e
é o atual coordenador técnico da seleção
Tostão volta a escrever neste espaço na
próxima quarta-feira
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