|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FUTEBOL
Lazio e Roma acusam manipulação contábil, têm ações desvalorizadas e podem deixar de ser sociedades anônimas
Times italianos já admitem sair da Bolsa
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
Não é só nos Estados Unidos
que as práticas contábeis e financeiras de empresas com ações em
Bolsa têm provocado polêmica.
Na Europa a situação não é muito
diferente. Mas com uma distinção: a confusão, pelo menos na
Itália, está ligada ao futebol.
E não faltam clubes estudando a
possibilidade de deixarem de ser
sociedades anônimas. É o caso de
dois dos principais times italianos, Lazio e Roma, os representantes da capital do país, que chegaram a ter suas inscrições na Série A recusadas.
A alegação era de que as duas
agremiações estariam atravessando problemas econômicos graves
e não se enquadrariam nas exigências da Liga Italiana.
De acordo com avaliação preliminar da auditoria contratada pela liga, os dois clubes teriam o passivo maior do que o ativo. Com
dívidas que não poderiam ser saldadas, não teriam como competir. Resultado: num primeiro momento não puderam se inscrever.
Quando a recusa à inscrição da
dupla foi anunciada, as ações dos
dois clubes desabaram. As da Lazio chegaram a cair 48,5%. As da
Roma, 39,9%.
Sérgio Cragnotti, presidente da
Lazio, responsabilizou a avaliação
da Liga Italiana e o veto inicial à
inscrição da equipe pelo caos
ocorrido com o clube na Bolsa e
falou em perseguição.
Na Roma, a situação foi parecida. Franco Sensi, que administra
o clube, uniu-se a Cragnotti e deu
a entender que haveria um complô para favorecer o Milan, justamente o time do primeiro-ministro Silvio Berlusconi.
""Foi muito estranho terem recusado nossas inscrições e depois
voltarem atrás porque cometeram erros contábeis na avaliação", afirmou, por intermédio da
assessoria de imprensa da Roma.
""Assim que ficou definido que o
Rivaldo iria para o Milan e não
para a Lazio, mudaram de idéia.
Acho que queriam prejudicar a
Lazio e decidiram nos colocar no
mesmo saco para disfarçar."
Sensi tem insinuado que a Liga
Italiana, presidida por Adriano
Galliani, tem agido para favorecer
o Milan. Galliani, que é dirigente
do time milanês, teria vetado a
inscrição da Lazio para desvalorizar as ações do clube.
Com isso, ficaria mais forte na
parada para contratar Rivaldo,
que se desvinculou do Barcelona.
Desde o ano retrasado, a Lazio
tinha interesse no meia-atacante
brasileiro. Mesmo assim, ele acabou se transferindo para o Milan.
A Comissão de Vigilância das
Sociedades de Futebol apresentou, na verdade, três avaliações diferentes. Num primeiro momento, soltou um relatório, em seguida recolhido, que apontava que o
passivo dos dois clubes seria
maior do que o ativo. Ambos estariam, portanto, à beira da falência.
Num segundo, que as dívidas da
dupla representariam mais de
40% do que os ativos, quando,
por exigência da liga, não poderiam passar de um terço. Num
terceiro, que as dívidas seriam, na
verdade, inferiores a um terço.
Por isso a inscrição da dupla foi
aceita, mas, conforme perguntou
Sensi, ""quem vai ressarcir os prejuízos com a queda no valor das
ações na Bolsa?"
Galliani, também por intermédio de sua assessoria de imprensa,
diz que não há interesse da liga
em favorecer ninguém. ""Tanto
que Lazio e Roma ganharam os
dois últimos campeonatos italianos. Além delas, outras seis equipes, só que na Série B, tiveram
problemas", lembrou.
Uma delas, a Fiorentina, não
conseguiu apresentar aval bancário e, com dívidas de US$ 21,6 milhões, sofreu intervenção federal e
ficará fora do Italiano.
No ano passado, Lazio e Roma,
que têm pedido a saída de Galliani
da presidência da liga, também tiveram problemas com suas ações
na Bolsa. As do primeiro desvalorizaram 47,1%. As do segundo,
51,6%. Com os prejuízos na última temporada -em conjunto, os
times da Série A perderam mais
de US$ 600 milhões-, estão reduzindo salários e até novembro
decidem se continuam ou não
com ações em Bolsa. Pelo andar
da carruagem, devem cair fora.
Texto Anterior: Hipismo: Rodrigo Pessoa participa de concurso na Alemanha Próximo Texto: Xenofobia de torcida também prejudica ações Índice
|