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FUTEBOL
Apesar da série de acusações que tem recebido, presidente comemora vitória no Comitê Executivo da Fifa
Torpedeado, Blatter consegue impor seu sistema eleitoral
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
Bombardeado por uma série de
acusações, entre as quais suspeita
de compra de votos em 1998, malversação de verbas e abuso de poder, Joseph Blatter pode ter ficado
com sua imagem ainda mais desgastada publicamente, mas saiu
fortalecido da reunião do Comitê
Executivo da Fifa, realizada anteontem em Zurique.
A principal vitória do suíço,
além do adiamento dos trabalhos
da auditoria que investiga suas
ações como presidente, foi na definição do sistema de votação do
próximo dia 29, em Seul, onde
concorre à reeleição contra o candidato africano Issa Hayatou.
Metade dos 24 membros do Comitê Executivo queria que apenas
um delegado por país fosse à urna
depositar o voto de sua federação.
A outra metade defendia que fossem três delegados por país. O voto de minerva coube a Blatter, que
optou pela primeira alternativa, a
defendida por seu grupo, liderado
pelo argentino Julio Grondona.
A discussão não é nova. Em
1998, quando Blatter concorreu
contra Lennart Johannson para
ocupar o lugar de João Havelange,
brasileiro de quem era o braço direito na Fifa, apenas um delegado
por país -e não três, como queria a oposição- dava o voto representando sua federação.
Moral da história: é maior a
chance de suborno, acusaram os
defensores de Johannson em 1998
e acusam agora os de Hayatou.
Eles raciocinam que é mais fácil
comprar o voto de apenas um delegado do que de três.
Em 1998, houve a suspeita de
que 16 delegados africanos pudessem ter sido subornados, dando
os votos necessários para Blatter
vencer as eleições -o caso está
sendo investigado na África.
Segundo Michel Zen-Ruffinen,
secretário-geral da Fifa e ex-aliado do atual presidente por 16
anos, pelo menos dois votos foram comprados -no momento
um dos maiores desafetos de Blatter, ele fala em um delegado do
continente africano e em outro da
América Central.
""Não foi um problema de o presidente ter sido comprado, mas
sim de ele ter comprado [votos"",
afirmou Zen-Ruffinen, numa entrevista num hotel de Zurique, para o qual se dirigiu anteontem sozinho, sem a cúpula da Fifa, após
ter dado declarações na sede da
entidade ao lado de Blatter.
Demonstrando irritação com as
decisões do Comitê Executivo,
entre as quais a continuação da
auditoria sobre as contas da Fifa
apenas após a Copa e as eleições, o
secretário-geral deu a entender
que deve levar o dossiê que tem
contra Blatter para a Justiça suíça.
""Tenho provas de atos que são
considerados delitos pela legislação suíça", comentou Zen-Ruffinen. ""Ela deve investigar e fazer o
que achar necessário."
A tática de Zen-Ruffinen, apoiado por Hayatou, Johannson e
Chung Mong-joon, sul-coreano
que faz campanha contra Blatter
na Ásia, é fazer o máximo de barulho possível para enfraquecer
ainda mais a imagem pública do
dirigente, já que dentro do Comitê Executivo o presidente retomou o poder sobre a oposição.
Com agências internacionais
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