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BASQUETE
Pivô perde 34 kg para deslanchar na carreira
Com 1,91 m e 107 kg, Graziane joga sua primeira Olimpíada
Atleta de 25 anos, que iria só ajudar nos treinos, foi inscrita em cima da hora na vaga de Érika, que atua nos EUA e
não se recuperou de fratura
ENVIADO ESPECIAL A PEQUIM
Última atleta brasileira inscrita para Pequim-2008, a pivô
Graziane, da seleção feminina
de basquete, precisou emagrecer 34 kg para se consolidar na
carreira e, aos 25 anos, disputar
sua primeira Olimpíada.
"Valeu o sacrifício", diz a jogadora, 1,91 m e atuais 107 kg,
nascida e criada em Itaquera
(zona leste de São Paulo). O curioso é que, pelo guia de mídia
do COB (Comitê Olímpico Brasileiro), ela pesa 80 kg.
Grazi, como é chamada pelas
companheiras, virou olímpica
no momento derradeiro, praticamente com o cronômetro zerado, quando já tinha sua passagem de volta para o Brasil.
"Eu andava um pouco triste.
Iria voltar para casa após os
amistosos na Austrália. Viajei
informada pelo técnico de que
as 12 jogadoras estavam definidas. Mesmo assim, topei a viagem para ajudar nos treinos. Na
hora em que recebi a notícia de
que ficaria no grupo, foi um
choque de alegria", diz Grazi.
Ela ocupou o lugar de Érika,
pivô do Atlanta, time da WNBA
(liga dos EUA), que se juntaria à
seleção em Pequim, mas não se
recuperou a tempo, após sofrer
uma fratura na perna direita.
A inscrição de Grazi foi providenciada imediatamente, já
que ela estava com a seleção. A
Fiba (Federação Internacional
de Basquete) e o Bocog (comitê
organizador dos Jogos) ratificaram a inscrição. Dessa forma,
Grazi foi a última atleta brasileira inscrita na Olimpíada.
O técnico Paulo Bassul ficou
sem uma jogadora-chave no
seu esquema tático, mas reveste o enfoque de tom positivo
para abordar o desfalque. "Não
perdemos a Érika, ganhamos a
Grazi", diz, lembrando o esforço e a colaboração da substituta, que, mesmo sabendo que
não integraria o time, ajudava
na preparação da seleção.
De família humilde -não tinha condição financeira de pagar passagem de ônibus para ir
treinar no ínico da carreira-,
Grazi hoje tem casa própria:
"Com escritura no meu nome".
A mãe, Sônia, ganhou condições de deixar o trabalho de doméstica e para cuidar de um
problema nas pernas. Ela é que
ajudava a filha com os parcos
recursos. Apoiava, mas não ia
vê-la jogar nas equipes por que
passou, como Guaru, Bauru,
Campinas, Jundiaí e São Caetano. Na verdade, ninguém na família, nem a irmã mais velha,
entusiasmou-se pelo esporte.
Jogando futebol na rua, aos
11 anos, sua altura chamou a
atenção do professor de um
amigo, que a chamou para uma
escola de basquete. Após um
ano, ela encestava em Guarulhos. Dez anos depois, mesmo
assustada com a idéia, aceitou
convite para jogar em Faenza,
na Itália. Lá atuou quatro anos
-dois ao lado de Adrianinha,
hoje também na seleção, que
foi sua grande incentivadora.
Recentemente, topou outro
desafio, o de jogar na Hungria,
pelo Pécs. Agora, além do italiano, que domina, sua preocupação é aprender inglês, embora
tenha só uma certeza: "O basquete é tudo. Completei o segundo grau. Interrompi porque
o basquete disparou, e aproveito a chance".
(EDGARD ALVES)
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