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ESQUI
Jhonatan Longhi, 16, opta por seu país de nascimento em detrimento do de seus pais adotivos e brilha no Valle Nevado
Brasil vê o primeiro negro vencer na neve
LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL
No domingo passado, enquanto
o time de Bernardinho fazia história ao bater a Itália para ganhar o
ouro olímpico no vôlei, outro capítulo esportivo envolvendo o
Brasil e aquele país era escrito, na
neve de Valle Nevado, no Chile.
Foi lá que Jhonatan Longhi, 16,
venceu o Brasileiro de três modalidades de esqui e se tornou o primeiro negro a se destacar na neve.
Detalhe: ele não conhece o país
pelo qual é campeão. Aos três
anos de idade, Jhonatan foi adotado por uma família italiana. Desde então, vive em Piemonti, uma
cidade nas cercanias de Turim, a
sede dos próximos Jogos de Inverno, em 2006.
Como passou a maior parte da
vida na Europa, o natural seria
que defendesse a Itália, mas ele
diz ter uma identidade muito forte com o Brasil. Nas montanhas
chilenas, Jhonatan fazia questão
de usar roupas com a bandeira
brasileira e não se separava de um
dicionário, para facilitar sua comunicação em português.
Indagado pela reportagem se
sentia ciúme do fato de o filho ter
optado pela nacionalidade esportiva brasileira, seu pai, Lorenzo,
que também foi um esquiador
competitivo, contou que há dez
anos deixou essa idéia de lado.
"Estávamos todos assistindo à
final da Copa do Mundo de 94 entre Itália e Brasil. Quando Roberto
Baggio desperdiçou o último pênalti, parecia que o mundo havia
desabado. Todos ficamos muito
tristes. Exceto o Jhonatan, que comemorava o título do Brasil. É o
país onde ele nasceu. Vive na Itália, mas é brasileiro de coração."
A família incentiva os laços do
esquiador com o Brasil -tanto
que manteve tanto o nome de
nascimento de Jhonatan e de sua
irmã, Carina, 18, que também foi
adotada. "Da origem deles, só sei
que nasceram em Americana",
disse Lorenzo, explicando que a
adoção foi intermediada por um
escritório especializado.
Na condição de ex-praticante da
modalidade, o pai acredita que
Jhonatan pode ir longe no esqui,
caso decida se tornar um atleta
profissional. "Gostaria de vê-lo na
Olimpíada. Seria lindo. Acredito
que meu filho possa se tornar o
melhor esquiador sul-americano.
Mas ele ainda é muito novo para
tomar a decisão de se dedicar exclusivamente ao esporte."
Em vez de dificultar a evolução
dos outros esquiadores brasileiros, que ficaram alijados do lugar
mais alto do pódio, o aparecimento de Jhonatan deve permitir um
avanço da equipe brasileira.
"Talvez no ano que vem eu e outros brasileiros passemos um período treinando lá na Itália com
ele. Será ótimo!", disse a campeã
brasileira, Mirela Arnhold, 21.
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