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FUTEBOL
Associação de juízes pleiteia comissão para fiscalizar Armando Marques
Árbitros tentam esvaziar o
poder da comissão da CBF
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
A Anaf (Associação Nacional
dos Árbitros de Futebol) vai tentar esvaziar o poder do presidente
da Comissão Nacional de Arbitragem da CBF, Armando Marques.
No documento que será enviado neste mês pela associação ao
deputado Gilmar Machado (PT-MG), com as propostas da classe
para o Estatuto do Desporto, a
Anaf pede a participação de representantes de atletas, árbitros e
treinadores nas comissões de arbitragem, para dar mais transparência nas definições das escalas.
""Não sou tutelado. Penso na
classe. Não estou preocupado
com o poder ou se o Armando vai
gostar", afirmou o presidente da
Anaf, Márcio Rezende de Freitas,
que entregará o documento a Machado, relator do estatuto.
Atualmente, a comissão da CBF
é composta por quatro integrantes, todos nomeados pela entidade -Sebastião Rufino, José Luiz
Barreto e Edson Rezende de Oliveira, além de Marques.
Centralizador, Marques é o homem-forte da entidade e poucas
vezes se reúne com os seus companheiros. Por ter esse perfil, vários ex-árbitros conhecidos, como José Roberto Wright e Arnaldo César Coelho, recusaram o
convite para integrar a comissão.
""O presidente não pode fazer do
jeito que quer. Às vezes, ele erra e
isto não é possível", disse Freitas.
Com a composição proposta
pela Anaf, os representantes dos
atletas, árbitros e treinadores não
teriam o poder de escalar os juízes, mas funcionariam como fiscalizadores dos atos de Marques,
o que o deixará contrariado.
A proposta foi redigida pelo árbitro Carlos Eugênio Simon, pelo
assistente Jorge Paulo Gomes de
Oliveira e pelo secretário-geral da
Anaf, Sérgio Corrêa.
Simon e Oliveira estiveram na
última Copa do Mundo.
O pleito da entidade é uma estratégia para pôr fim ao sorteio
-critério do Estatuto do Torcedor para escalar árbitros. ""O sorteio está matando a arbitragem
brasileira. A renovação está sendo
interrompida", disse Freitas.
Pelo formato atual, Marques faz
uma pré-seleção de três trios de
árbitros para cada partida. O sorteio é realizado na CBF dois dias
antes do início da rodada.
""Na reunião com o deputado,
essa alternativa foi bem recebida",
declarou o secretário-geral da
Anaf, Sérgio Corrêa da Silva.
O Estatuto do Desporto é um
projeto de lei que vai unificar a legislação do setor. A intenção de
Machado é aprová-lo até o início
do próximo ano.
Armando Marques não foi localizado pela Folha para comentar a
proposta da Anaf.
Processo eleitoral
Além de tentar alterar a composição de forças com a CBF, a Anaf
também vive um processo interno de mudança. Na semana passada, Freitas marcou a data da
próxima eleição na entidade -5
de dezembro- e já anunciou que
não será candidato.
Com isso, ele deu início ao processo eleitoral. Freitas faz lobby
nos bastidores para a Anaf apoiar
a candidatura de José de Assis
Aragão, ex-árbitro da Fifa.
O gaúcho José Mocelim é o único que assumiu a intenção de comandar a entidade nos próximos
três anos. O carioca Jorge Travassos, que comandou a entidade no
último mandato e foi árbitro da
Fifa, também pode ser candidato.
Marques ainda não se posicionou sobre a candidatura que
apoiará. Ele teve poder decisivo
nas duas últimas eleições. Ele
apoiou Freitas e Jorge Travassos.
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