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DOPING
Ministério do Esporte segue diretriz da Wada, cria fórum centralizado, mas 1ª reunião ainda não foi agendada
Após 1 ano, agência nacional antidoping não saiu no papel
ADALBERTO LEISTER FILHO
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
Criada há um ano, ainda no governo FHC, a Comissão Nacional
Antidoping ainda não saiu do papel. Com a função de ser, na prática, uma agência nacional de combate ao doping, o grupo ainda não
agendou sua primeira reunião.
O ""período de transição" entre
os governos FHC e Lula é apontado como o responsável pelo atraso no início de suas atividades.
E trabalho é o que não vai faltar
para a comissão. Segundo portaria do Ministério do Esporte, publicada só em 29 de julho, a CNA
tem, entre outras atribuições, o
papel de "promover a luta contra
o doping", "fazer cumprir o Código Mundial Antidoping" e "estabelecer regras, procedimentos
disciplinares, sanções e outros
meios de combate ao doping".
"Isso permite interpretar que o
governo está criando um tribunal
para julgar casos positivos", diz
Thomaz Mattos de Paiva, especialista em legislação antidoping.
A formação da entidade seguiria as normas do código da Wada,
a Agência Mundial Antidoping,
aprovado em março, em Copenhague. Alguns países, como
EUA e Inglaterra, já contam com
uma agência para julgar casos.
Até os Jogos de Inverno de Turim-06, os signatários da Declaração de Copenhague terão que
aplicar o código mundial. Mas ter
uma entidade para cuidar do assunto não faz parte dos encargos.
"A Wada encoraja os países a
formarem uma agência, mas não
os obriga, nem determina um
prazo para ela ser constituída",
explica Frédéric Donzé, gerente
de comunicações da Wada.
No que depender do COB, o
abacaxi terá que ser descascado
mesmo pelo governo federal.
"Para mim, é o ministério que
deve cuidar disso. Ele tem mais facilidade para diversas funções, como acionar a polícia. O laboratório credenciado pelo COI [Ladetec, no Rio] é de uma universidade federal [UFRJ]. Além disso, os
recursos serão da esfera federal",
argumenta Carlos Arthur Nuzman, presidente do COB.
"Não criamos uma agência própria porque é preciso que haja
uma legislação federal. Não
adianta fazermos algo e o Legislativo mudar tudo", completa ele.
Apesar de se eximir da responsabilidade, Nuzman disse que o
COB continuará a fazer controles.
"Faremos testes em nossas competições. Isso não nos desonera."
Sob a responsabilidade do ministério, ainda não se sabe quando a comissão iniciará seus trabalhos. ""Houve a mudança de governo. É natural que exista um período de adaptação", justifica
Eduardo de Rose, membro do
conselho principal da Wada.
De Rose foi apontado como
presidente da CNA, condição que
deve ser oficializada em breve, segundo o ministério. À época de
sua criação, o médico encampou
o discurso de Nuzman e disse que
a existência da comissão seria impossível sem a ação do governo.
O ministério negou que haja
lentidão no processo e informou
que a primeira reunião da comissão deve ser marcada para breve,
provavelmente ainda neste ano.
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