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FUTEBOL
A brincadeira acabou
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma semana depois do penta.
Ainda há clima no país e
no resto do mundo para discutir o
histórico episódio. A coluna, que
não deu seu parecer sobre a conquista brasileira, faz aqui seu registro do evento, especialmente
para atender aos leitores que nas
últimas semanas me mandaram
trechos de antigos textos elogiosos
a Argentina, França, Portugal...
O Mundial foi decidido nas eliminatórias. O Brasil brincou no
qualificatório, essa é a verdade.
Houve uma acomodação, até natural, na disputa, que classificava
praticamente metade dos participantes (disputa?). Qual é a vantagem de ganhar a vaga para a Copa em primeiro ou em quarto lugar? Nunca de fato a classificação
esteve ameaçada. Com muito pessimismo, no pior momento, a seleção jogaria uma repescagem.
O vexame na Copa América,
depreciada por quase todos, ainda mais devido aos problemas na
Colômbia, foi grande, mas não
era o time principal do Brasil que
estava em campo, apenas sua famosa camisa, vítima de piada.
As gozações, as críticas e o menosprezo dentro e fora do país alimentaram a seleção brasileira no
caminho até o título. Nas mãos de
um treinador motivador, o resultado foi o que todos viram. O
Mundial é um torneio curto. Talvez se todos jogassem contra todos o Brasil não fosse campeão
(do jeito que foi, bem que poderiam ser 31 vitórias também).
Tabela favorável, grupo fraco,
adversários com problemas, árbitros amigos, nível técnico questionável... tudo contribuiu um pouco para um título tranquilo (foi
mesmo fácil) da seleção. Mas o fato (muito estranho) de correr por
fora deixou o Brasil à vontade.
A defesa era vulnerável, mas
nunca foi peneira. Os jogadores
de frente viveram fases negativas
e contusões, mas sempre tiveram
qualidade bem acima da média.
Normalmente, o Brasil só perde
a Copa do Mundo quando brinca. Desta vez, levou a sério, como
nunca antes -por isso Luiz Felipe Scolari disse que é o time mais
aguerrido de todos os tempos.
A seleção, naquilo que talvez
mais a diferencie de outras, não
perde jogo tolo em Copa. Depois
da Segunda Guerra, só timaço
parou a seleção: Uruguai, máquina húngara, Portugal de Eusébio,
carrossel holandês, Argentina,
Itália, França (a de 98 era boa).
Dizer que o Brasil só perde para
si mesmo, que os outros são babas, que os europeus são todos
cintura-dura é exagero, ufanismo. Mas é inegável que é difícil
missão para os estrangeiros impedir a seleção de chegar ao título.
O que falar dos rivais (dois são
ainda adversários do mesmo nível, no mínimo, do Brasil)?
A França certamente pagou um
preço muito alto na primeira fase.
Nas três partidas, por incrível que
pareça, a equipe não jogou mal.
Sem Zidane, contra uma arbitragem rigorosa e adversários perigosos, foi castigada. Acidente.
A Argentina, mexida em relação às eliminatórias (esse foi o erro), colheu três resultados altamente possíveis para quem estava
no grupo da morte. Não bastou.
Itália (terceira mais cotada) e
Espanha (que pintava bem) pararam no apito. A Inglaterra, justiça seja feita, foi sempre mais nome e marketing. A Alemanha fez
mais do que pôde. Portugal ruiu
por um jogo ruim, contra os EUA.
Agora é de novo todos contra o
Brasil, mais uma vez o time a ser
vencido. A hegemonia brasileira,
que assusta a Fifa, está mais sólida que nunca. Será brincadeira?
2006
Abertura dia 9 de junho, com o Brasil, campeão, atuando (basta
passar pelas eliminatórias, nos mesmos moldes da anterior). Final
deve ser em Berlim, com a presença da Alemanha, em 9 de julho.
2010
No final deste ano, são definidas as regras para candidaturas. Para
viabilizar de vez a Copa na África, novamente o Mundial pode ter
duas sedes (África do Sul está garantida).
2014
O rodízio de continentes está aprovado, mas esse, extraoficalmente, prevê um torneio na Europa e outro fora. Inglaterra é a favorita.
Espanha, sozinha, e Bélgica e Holanda, juntas, são outras opções.
2018
Brasil.
E-mail rbueno@uol.com.br
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