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Bomba na Gávea afasta reforços do Flamengo
Morales e Gracián desistem de jogar no clube com medo de protestos violentos
"Alguns atletas do elenco
também já demonstraram
que estão inseguros e não
querem continuar", diz o
conselheiro Michel Assef
SÉRGIO RANGEL
EM SÃO PAULO
Um dia depois de uma bomba
de fabricação caseira explodir
durante o treinamento na Gávea, o Flamengo perdeu ontem
o atacante Richard Morales e
tenta conter a debandada de jogadores de seu elenco.
Anunciado anteontem como
solução para a falta de gols da
equipe, o uruguaio desfez o negócio e não vai se apresentar
hoje no Rio. Ele alegou aos dirigentes que sua família o impediu de se transferir para o Brasil após assistir as cenas de violência no treino de anteontem.
"Acabei de falar com o Morales e não posso culpá-lo. Tentei
chamá-lo aos brios, mas nada
resolveu. Ele disse que não temia nada, mas que a família o
impediu", contou Michel Assef,
presidente do Conselho Administrativo do Flamengo, citando a bomba atirada no campo
durante treino na Gávea.
Além do uruguaio, o argentino Leandro Gracián, que negociava com o Flamengo, também
desistiu de jogar no clube.
""Foi muito chato o que aconteceu. Além deles, alguns jogadores do elenco também já
mostraram que estão inseguros
e não querem continuar. Estamos dando todas as garantias
aos atletas, mas teremos que
conversar muito com o grupo",
admitiu Assef, que também é
advogado do Flamengo na Justiça desportiva.
Depois da explosão da bomba, os jogadores quase entraram em conflito com os torcedores na Gávea. O artefato foi
lançado do lado oposto onde
estavam os manifestantes. Os
chefes das duas organizadas
negam ter responsabilidade pela explosão. O zagueiro Fábio
Luciano, o lateral Juan, o meia
Ibson e o goleiro Bruno foram
os mais exaltados diante da atitude dos torcedores.
Ontem, o muro do clube
amanheceu pichado por fãs
descontentes com o time. Eles
escreveram frases contra o vice-presidente de futebol do
clube, Kléber Leite, e contra o
atacante baiano Obina.
""Aquilo foi muito grave. Vamos tentar punir os responsáveis", disse o presidente do Flamengo, Márcio Braga. O dirigente considerou a atitude dos
torcedores uma invasão ao clube. A maioria não era sócio.
Apesar de Braga ter declarado que os jogadores vão continuar treinando na Gávea diante dos sócios, a diretoria do clube preparou um esquema de segurança especial para o desembarque da equipe hoje no Rio.
Ontem, os cariocas enfrentariam o Goiás, em Goiânia.
Designado pelo presidente
do clube para apurar a confusão
no treino de terça, Assef inocentou os torcedores.
""A polícia já está apurando o
caso, mas eles não explodiram
aquela bomba. Aquilo não pode
ter sido feito por um torcedor
do Flamengo. Foi um ato de um
mercenário pago pela oposição.
O Flamengo quase foi rebaixado nos últimos anos e nada parecido com isto ocorreu. Estou
no Flamengo há 38 anos e sei
sobre o que estou falando", disse o dirigente, que se recusou
apontar o suposto mandante.
No boletim de ocorrência registrado anteontem no 14º Distrito Policial do Rio, no Leblon,
não constam nomes de nenhum dos participantes da manifestação na Gávea -o protesto foi capitaneado por duas torcidas organizadas.
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