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FUTEBOL
Cambistas atuam incólumes diante da Swat chinesa
Desesperados para desfazer encalhe, vendedores
nem tentam disfarçar atuação na porta do estádio
Entrar na arena de Shenyang para ver Brasil x Alemanha envolve desde revista e passagem por detector de metais até o uso de raio-X
PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A SHENYANG
Os homens da Swat (assim
mesmo, em caracteres romanos), estavam a cerca de 30 metros. Mas nem eles, uma espécie de elite das várias divisões
da polícia chinesa, deram a mínima para uma praga dos grandes eventos esportivos.
Antes do empate do Brasil
contra a Alemanha, em Shenyang, na abertura do torneio feminino de futebol da Olimpíada de Pequim, dezenas de cambistas ofereciam ingressos a
poucos metros dos portões do
imponente estádio local.
Quando a reportagem da Folha mostrou a um deles interesse em comprar uma entrada, logo foi cercada por outros
quatro. Todos desesperados
para se desfazerem do encalhe
-numa arena com capacidade
para 60 mil pessoas, o público
não chegou a 21 mil.
A opção acabou por uma entrada de 100 yuans (cerca de R$
22), o mesmo valor de face da
entrada. Toda a negociação,
sem preocupação em esconder
algo, ocorreu ao lado de dezenas de policiais, incluindo os da
Swat, e os cambistas não foram
incomodados.
Autoridades chinesas prometeram até 15 dias de prisão
para cambistas.
O ingresso não era falso, tanto que passou sem problemas
pela catraca. Difícil foi passar
pelo rígido esquema de segurança, com várias barreiras de
policiais e uma rigorosa revista.
Em todos os portões, era preciso passar por um detector de
metais. Quem levou bolsas precisou colocá-las em máquinas
de raio-X, como as de aeroportos. Elas eram dezenas.
No primeiro evento dos Jogos, as campanhas feitas para
acabar com duas manias chinesas tiveram efeitos distintos.
As filas para a entrada no estádio e para compra de bebidas
e comidas foram respeitadas
-furar fila é uma tradição local.
Já a nada educada mania de
escarrar em público continuou
em alta -até o piso de mármore do belo estádio de Shenyang
foi alvo de cusparadas.
Ao contrário da maioria das
instalações esportivas de Pequim, em que os organizadores
instalaram privadas no estilo
ocidental nos banheiros, o
campo onde o Brasil jogou ontem tem apenas latrinas. Mas
isso não foi problema, porque
não havia uma centena de torcedores alemães ou brasileiros.
Durante o jogo, nenhum incidente foi notado, mesmo com
latas de cervejas sendo vendidas no estádio por uma pechincha -a americana Budweiser
custava R$ 1,10 a unidade.
Além dos lugares vazios, a
sensação de silêncio na partida
era enorme por causa da timidez dos chineses. Alvoroço só
quando a seleção masculina do
Brasil entrou no estádio, já perto do final do primeiro tempo.
No intervalo, nem a trilha sonora com seqüência de músicas
de Jorge Benjor mudou a atitude dos torcedores chineses.
"Eles têm esse jeito quieto. E,
quando gritam, a gente não entende. Mas estamos acostumadas, foi assim no Mundial-07",
disse a atacante Cristiane.
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