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Manual ensina chineses a lidar com vísceras
DOS ENVIADOS A PEQUIM
Se encontrar um intestino
delgado exposto para fora da
cavidade abdominal de um ferido, cubra o ferimento com pano umedecido em água limpa
para não ressecar o local. Em
nenhuma hipótese tente empurrar o órgão de volta para
dentro da barriga ou poderá gerar uma infecção na vítima.
Essa é uma das recomendações do "Manual de Prevenção
Contra o Terrorismo", publicado pelo Departamento de Segurança Chinês para os Jogos.
A Folha teve acesso ontem
ao documento, uma relação de
16 páginas em mandarim, que
prevê 39 situações de risco e
orientações ao público olímpico de como lidar com elas.
Na introdução, o manual cita
os atentados de 9 de setembro,
o uso de antraz em cartas nos
EUA e o emprego de gás sarin
no metrô de Tóquio, em 1995.
Estão contempladas possibilidades como ataques nucleares, cibernéticos, biológicos,
químicos, seqüestros, explosões em trens e ônibus, tiroteios e até atentados incendiários contra embarcações.
O texto traz dicas até de como reportar situações de risco
à polícia. Quando trata de seqüestro, por exemplo, recomenda às vítimas que "tentem
memorizar as feições e as vozes
dos infratores, para relatar à
polícia de forma detalhada."
Outra indicação nesse tipo
de situação de risco é não tentar sair do cativeiro por conta
própria - "você deve confiar
em seu governo", diz o manual.
Nas situações que podem
acarretar pânico, com risco de
as pessoas serem pisoteadas, o
texto recomenda que objetos
de valor sejam esquecidos.
"Não parem para pegar o telefone celular se ele cair na rota
de saída." Tal rota, por sinal,
deve ser sempre memorizada
em ambientes desconhecidos.
As indicações em caso de incêndio são para a população
que ficar encurralada em um
ambiente tomado pelo fogo
não saltar pelas janelas.
Deve tentar improvisar uma
corda com lençóis. E se isso
não for possível, vedar as frestas das portas e janelas com panos molhados para evitar intoxicação por fumaça. "Se não
houver água, pode ser usado refrigerante", detalha o texto.
Ele sugere até a forma de pedir socorro. Diz que não se deve
gritar, na medida em que o esforço para aumentar o tom de
voz faz a vítima inspirar mais
intensamente e inalar fumaça.
Correr das chamas também é
desaconselhado, para o fogo
não ser atiçado pelo deslocamento de ar gerado.
Pelo mesmo raciocínio,
aconselha a fechar as janelas do
quarto em que a pessoa ficar
encurralada pelas chamas, pois
o fluxo de ar propaga o fogo.
Em sua parte final, o documento indica artifícios que podem ser usados para identificar
terroristas em potencial.
Indica a observação dos costumes de pessoas que alugam
habitações por tempo curto
-prática comum em Pequim.
São apontados alguns hábitos: passar o dia em casa e sair à
noite, levar "coisas suspeitas"
para casa, jogar no lixo materiais pouco convencionais e receber visitantes "estranhos".
Se encarar um vizinho com
tais práticas, a determinação é
avisar a polícia.
(ALF E LF)
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