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FUTEBOL
Será mais fácil
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Nas eliminatórias para a
Copa de 2002, a Argentina
brilhou e fracassou no Mundial,
enquanto o Brasil foi mal e ganhou a Copa. Disso resultou a falsa e irresponsável teoria de que a
qualidade da preparação não
tem relação com os resultados e
que o Brasil vence quando quer.
A seleção brasileira ganhou
porque os seus melhores jogadores estavam em forma e inspirados, o título foi facilitado pelos
desfalques e pelas eliminações
precoces de seus principais rivais e
pelos graves erros dos árbitros
contra Itália e Espanha, que seriam adversários mais difíceis nas
partidas finais. Mas, penso que o
Brasil seria campeão mesmo se as
outras seleções não tivessem tido
tantos problemas.
Faço essa simplificada análise
para dizer que o Brasil não pode
repetir os erros da última eliminatória. Para ganhar o hexa, a seleção tem de formar um bom conjunto e não depender excessivamente de alguns craques e dos
problemas dos outros. Vencer na
Europa é muito mais difícil.
A classificação para o Mundial
é certa. Deverá ser muito mais fácil do que na eliminatória anterior. Foi uma grande zebra o Brasil precisar da vitória no último
jogo, numa competição por pontos corridos, turno e returno, com
dez seleções e quatro vagas.
É quase impossível isso se repetir. Nas outras eliminatórias em
que o Brasil precisou do resultado
no último jogo, as regras eram
bem diferentes e dificultavam
mais a classificação dos favoritos.
Além disso, o Brasil tem hoje a
base do penta e os dois Ronaldinhos no ataque (o gaúcho não joga contra a Colômbia). Na última
eliminatória, os atacantes eram
Jardel, Élber, Marcelinho Paraíba, Edílson, Luisão e outros. Há
uma infinita diferença.
No início das eliminatórias para a Copa de 2002, não existia
uma equipe e havia um grande
número de jogadores do mesmo
nível técnico. Os treinadores fizeram muitas trocas e não se formou um bom conjunto. As mudanças de técnicos agravaram as
deficiências. Se o Felipão tivesse
sido o primeiro treinador, provavelmente seria dispensado.
Isso não significa que os jogos
da atual eliminatória serão fáceis. Após assistir ao Mundial,
aprendi que ganhar fora de casa
da Colômbia e da maioria das seleções sul-americanas (sem falar
na Argentina, que está no mesmo
nível do Brasil) é mais difícil do
que vencer, num campo neutro, a
Turquia, a Bélgica, a desfigurada
Alemanha, a Costa Rica, a China
e até a Inglaterra, um time medroso que não atacou o Brasil
mesmo com um atleta a mais.
Se o Brasil empatar e tiver uma
razoável atuação contra a Colômbia, não será ruim. Não pode
mostrar desorganização e apatia.
O desentrosamento não é mais
uma boa desculpa. O time é quase
o mesmo da Copa e a única alteração tática é a troca de um zagueiro (Edmílson) por um armador (Zé Roberto). Na verdade, Edmílson atuou mais de volante do
que de zagueiro.
Parreira escalará Alex e Emerson nas vagas de Ronaldinho e
Kleberson. O time com Emerson,
Alex e Rivaldo, três atletas que
não têm muita mobilidade, poderá ficar lento na passagem da bola do meio para o ataque.
Emerson vai jogar por causa da
experiência, da marcação e pelo
fato de o Renato nunca ter atuado na seleção. Muda a movimentação da equipe. Se não houvesse
problemas, o time teria Gilberto
Silva e um armador de cada lado
(Kleberson e Zé Roberto). Os dois
marcam como volantes e avançam como meias. Renato tem as
características do Kleberson.
Apesar de ter iniciado a sua carreira na meia direita, Emerson se
destaca mais pela marcação do
que pela habilidade e pelo apoio
ao ataque. Mas é um bom volante. Não é grosso. Não há outro
melhor para ser reserva do Gilberto Silva.
Da mesma forma, Zé Roberto
não é brilhante, porém não existe
outro superior para exercer a sua
função pela esquerda. Repito,
gostaria que se tentasse mais na
frente, sem pressa, adaptar o Diego em seu lugar.
Discordo do Parreira na maneira de marcar. O técnico, em todas
as partidas, prefere recuar e fechar os espaços na defesa. Essa
postura deveria ser intercalada
com a marcação por pressão, no
momento certo. Essa é uma forma de a equipe ser mais ofensiva
e de evitar que o outro time toque
a bola e organize as jogadas.
O Brasil não deve fazer hoje
uma brilhante partida, mas espero que a campanha nas eliminatórias seja muito melhor do que a
da edição anterior. Tomara!
E-mail
tostao.folha@uol.com.br
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