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Inglês "pilota" Massa na Ferrari
Engenheiro do brasileiro desde meados de 2006, Rob Smedley diz que pupilo só faz o que ele manda
Relação que começou com pódio já na primeira corrida assiste a transformação de ferrarista, que deixa de ser um "menino" na escuderia
TATIANA CUNHA
ENVIADA ESPECIAL A SPA-FRANCORCHAMPS
Há quem diga que a evolução
de Felipe Massa nos últimos
anos tem nome: Rob Smedley,
34. Engenheiro do piloto da
Ferrari desde meados de 2006,
o inglês de Middlesbrough sorri. "As pessoas sempre perguntam sobre nossa relação. O segredo é que cada um faz seu trabalho", disse à Folha, em uma
sala emprestada no motorhome da equipe na Bélgica.
"Às vezes ele tem uma idéia,
eu tenho outra. Mas na maioria
das vezes eu estou certo, e ele
acaba fazendo o que digo",
completou, antes de soltar uma
gargalhada. "E, se ele não me
obedece, pego a prancheta e
bato na cabeça dele."
Apesar das brincadeiras,
Smedley sabe da importância
de seu trabalho. Coincidência
ou não, o primeiro pódio de
Massa na F-1 veio justamente
em Nurburgring, na corrida em
que o inglês assumiu o posto
que era ocupado por Gabriele
delli Colli, ex-engenheiro de
Rubens Barrichello. Até então
ele trabalhava só nos testes.
Em pouco mais de dois anos,
Smedley e Massa parecem ter
formado uma dupla perfeita,
que agora tenta dar ao Brasil
seu primeiro título da F-1 desde 1991, quando Ayrton Senna
conquistou o tricampeonato.
"Nós nos complementamos."
FOLHA - Desde que vocês começaram a trabalhar juntos, o que mudou no Felipe?
ROB SMEDLEY - Ele mudou imensamente. Cresceu muito como
pessoa, deixou de ser um menino para ser um homem. Casou,
seu comportamento e seu jeito
de viver agora são muito mais
compatíveis com o de um homem jovem do que com os de
um cara de seus 20 anos. Como
piloto, também mudou. Quando começou a trabalhar na Ferrari, seu conhecimento de como operar em um nível tão alto
não era bom porque ele nunca
havia feito isso. Ele não era burro, só não tinha experiência.
Hoje ele é como uma esponja.
Qualquer informação que damos ele absorve, entende e tenta usar. Não só com o carro, mas
como funcionamos no final de
semana e em testes.
FOLHA - Houve algum momento
que marca a mudança de Massa ou
foi um processo que ocorreu gradualmente?
SMEDLEY - Tem sido uma evolução gradual, como piloto e como pessoa, mas não houve um
único momento. Claro que
houve coisas marcantes, como
a primeira pole, a primeira vitória, a primeira vez que se sentiu de fato na luta pelo título...
FOLHA - Acredita que ele está pronto para ser campeão?
SMEDLEY - Certamente. Sentado aqui nesta mesa agora eu
não tenho nenhuma dúvida. O
jeito que ele tem guiado, a maneira com que tem se comportado dentro e fora do carro...
Claro que estou falando do
ponto de vista técnico, mas
acho que ele está absolutamente pronto para ser campeão.
Sua performance está sensacional, muito consistente, corrida a corrida, volta a volta. Ele
está pronto para vencer.
FOLHA - Quais as qualidades e defeitos do Massa piloto?
SMEDLEY - Ele é muito bom com
a família atual de pneus, sabe
como funcionam e como explorar isso. Sempre tentamos
achar novos meios de melhorar
o aproveitamento dos pneus e
ele tem ajudado muito, o que
lhe dá uma boa vantagem. Nos
últimos anos trabalhamos muito para erradicar seus erros. Se
olharmos como um projeto de
três anos com o Felipe, no começo a idéia era tentar acabar
com os déficits que ele tinha, e
ele mesmo admite que tinha.
Por isso trabalhamos muito.
Posso até parecer convencido,
mas acho que fizemos um bom
trabalho [risos].
FOLHA - E como pessoa?
SMEDLEY - Ele é um cara legal,
tranqüilo... É brasileiro [risos],
relaxado e sabe que teve sorte
na vida. E teve mesmo. Ele é um
piloto top, foi abençoado com
talento e tem usado isso. Temos que respeitar alguém como ele.
FOLHA - Quão importante é o trabalho psicológico com ele?
SMEDLEY - Hoje tenho que dar
muito menos suporte psicológico do que em 2006, por exemplo. Naquela época havia muitas interrogações a respeito dele, como piloto, sua longevidade numa equipe de ponta. Agora há muito mais tranqüilidade.
Por isso o Felipe também está
muito mais confortável com ele
mesmo e precisa menos apoio
psicológico meu.
FOLHA - Então tem se concentrado
mais na parte técnica...
SMEDLEY - Ainda tenho que me
focar um pouco no psicológico
às vezes também, mas muito
mais na engenharia [risos].
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