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FUTEBOL
Melhores do mundo
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Zidane e Ronaldo são os jogadores que mais me encantam. Não sei qual é o melhor, já
que atuam em posições diferentes. Porém votaria no Roberto
Carlos para o melhor do ano. Ele
ainda não recebeu esse título da
Fifa. Os defensores precisam ser
mais valorizados. Defender bem
não é tão bonito, mas é também
uma arte. Roberto Carlos é ótimo
na defesa, no apoio e no ataque.
Os três craques não são perfeitos. Ronaldo não cabeceia e nem
se antecipa bem aos zagueiros nos
cruzamentos. O que lhe falta é a
maior qualidade dos outros artilheiros. Já imaginou se ele cabeceasse bem num time que tem
dois dos melhores cruzadores do
mundo, Beckham e Figo? Ronaldo é muito mais que um artilheiro. Faz o que outros não fazem. É
original, fantástico. Há outros
atacantes excepcionais, como
Schevchenko, Henry e Van Nistelrooy, mas nenhum se compara ao
Fenômeno. Além do talento, é forte e veloz. O "gordinho" chega
sempre à frente dos zagueiros.
Zidane é disparado o melhor
armador e o jogador mais elegante do mundo. Porém faz poucos
gols. Se ele finalizasse bem de fora
da área como Rivaldo, seria tão
bom quanto Platini, um dos
maiores jogadores da história.
Roberto Carlos é um superlateral, mas não cruza tão bem como
Beckham, Figo, Alex e Arce. Nem
tem muita habilidade para driblar em pequenos espaços.
Só Pelé foi perfeito. Mas se o Rei
jogasse hoje num clube brasileiro,
alguém diria que ele não é tão espetacular porque não joga num
dos grandes da Europa. Nem seria eleito o melhor do mundo.
Talvez perdesse para o Henry.
Situações diferentes
Para o próximo Campeonato
Brasileiro por pontos corridos melhorar, ser mais emocionante e
rentável, será fundamental que
mais equipes disputem o título
até as últimas rodadas. Para isso,
é necessário planejar com antecedência, trabalhar com seriedade e
competência e não trocar tanto
de técnico e de jogadores.
Os atletas continuarão saindo.
O Brasil é um país pobre. Por ter
melhor estrutura profissional, o
Cruzeiro poderá manter ou até
reforçar o elenco. Fala-se muito
na ida do Renato, do Santos, para
o time mineiro. Corre-se riscos de
aumentar a diferença do Cruzeiro para os demais. Isso não será
bom para o futebol. A solução é
descobrir talentos nas categorias
de base e nas pequenas equipes,
como fizeram Santos e Cruzeiro.
O futebol brasileiro vive nova
realidade. Aos poucos, vai acabar
a farra dos clubes que gastam
mais do que podem, que assumem compromissos e não pagam,
de dirigentes que não se sentem
responsáveis por seus atos, que se
perpetuam no poder e que aproveitam a posição para se elegerem
em cargos públicos, sem terem
condições. Os torcedores estão
aprendendo a diferenciar uma
coisa da outra. Ainda bem.
Animal 2
Qualquer pessoa, atleta ou não,
em algum momento da vida age
impulsivamente, comete agressões físicas ou verbais e às vezes se
arrepende. Alguns não conseguem conter os "nervos" e repetem as condutas. Quando isso
passa a ser um hábito, como
acontece com Luis Fabiano, há
muitas perdas pessoais e profissionais, mas também ganhos,
conscientes e ou inconscientes.
Se os clubes, imprensa e torcedores aprovarem esse comportamento (alguns atletas são elogiados pela bravura e raça) ou tolerarem o jogador como um bom
menino rebelde, bem-intencionado mas nervoso, esses atletas vão
se achar diferentes e passarão a
curtir a fama de indisciplinados.
Aí será mais difícil mudar.
Nas entrevistas, sorrindo e com
a fala mansa, esses jogadores dizem que estão arrependidos e que
vão mudar. Alguns tentam, mas
não conseguem. O impulso é mais
determinante do que a razão.
Uma coisa é saber o que se deve
fazer. Outra é incorporar essa
conduta, transformá-la num forte desejo e praticá-la.
Nos gramados, o atacante do
São Paulo repete a trajetória de
Edmundo, um ótimo jogador que
tinha tudo para ser muito melhor
do que foi. Luis Fabiano é o Animal 2. O segundo filme costuma
ser pior e menos interessante.
Pirataria
Escrevo somente para jornais,
na quarta-feira e no domingo.
Não são meus textos ou frases que
aparecem na internet.
A não ser que sejam reproduções das minhas colunas, publicadas na íntegra pelos sites dos jornais que escrevo.
E-mail: tostao.folha@uol.com.br
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