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FUTEBOL
Empresário afirma que só faz o que lhe pedem e fala em "burrice" e "sacanagem" de clubes que reclamam dos preços
Para BWA, cartolas são "incompetentes"
DO PAINEL FC
E DA REPORTAGEM LOCAL
A cúpula da BWA carrega nos
adjetivos para justificar a liderança no ranking das instituições que
mais ganham dinheiro com os jogos do Campeonato Paulista.
A empresa diz que recebe apenas o que foi acordado com a FPF,
alega que foi contratada por meio
de licitação aberta e acusa seus
críticos de "incompetência",
"burrice" e "sacanagem".
Em entrevista de quase duas horas concedida à Folha, o empresário Bruno Balsimelli disse que a
BWA cobra menos do que gostaria, defendeu a adoção de venda
de ingressos on-line, por meio de
postos informatizados, e culpou o
Estatuto do Torcedor e o erro dos
clubes pela fatia de 16% de sua
empresa na renda do Paulista.
"Os R$ 0,60 que cobramos por
ingresso incluem locação de catracas, frete, adoção de infra-estrutura, envio de pessoal especializado e manutenção. O valor não
é nada, é insignificante. Se eu estou ganhando dinheiro com isso,
por favor, me arrume um concorrente que faça melhor que eu. Infelizmente eu ganhei essa concorrência. Na hora, não sabia quantas empresas participariam. Entrei sozinho e botei o preço embaixo. Eu errei", disse Balsimelli.
Para mostrar que não ganha
sempre, a BWA se abraça à partida de hoje entre Marília e Paulista.
Afirma que, só com frete, gastará
R$ 1.400. Vai faturar R$ 1.900.
"Pagarei para trabalhar".
O executivo reclama que sua
margem de lucro caiu a 12% com
o Estatuto do Torcedor. Afirma
ainda que o preço da mão-de-obra cresceu 30% por causa da
exigência de imprimir nos ingressos as fileiras e os assentos.
No ano passado, segundo o próprio Balsimelli, a BWA ganhava
ainda mais com a venda de ingressos e locação de catracas.
Sobre a chiadeira dos clubes pequenos, Balsimelli disse que só faz
o que lhe solicitam. "Se os clubes
pedem errado, eu tenho culpa? Se
manda produzir, eu produzo. A
incompetência é dos clubes. A
burrice é pedir muito ingresso.
Alguns clubes são cegos nisso."
O empresário vai além. Diz que
os cartolas não querem evitar o
prejuízo que têm com a confecção
de ingressos. "Você acha um baita
negócio [o acordo do Paulista]. E
eu te pergunto: por que os times
não fazem venda on-line, que não
dá encalhe, não tem que adivinhar a carga? Porque ninguém
quer perder o poder. O poder de
ter o ingresso na mão e fazer o que
quiser de sacanagem."
Marco Polo Del Nero, presidente da FPF, refuta a tese de Balsimelli. "Não tem incompetência nem
sacanagem. Precisamos sentar e
discutir uma solução."
Diretor-executivo da BWA, Fernando Silva disse que não há hipótese de o preço baixar. "As pessoas vêem as pingas que tomamos, mas não os tombos que levamos. A chance real é de aumentar.
Nosso preço está dentro do mercado. Ganhamos o nosso dinheiro, como todo mundo ganha. Não
somos instituição de caridade."
Para justificar a presença em
mais de 200 estádios, Balsimelli
alega que oferece serviço melhor e
mais barato que a concorrência.
Como exemplo, diz que o ingresso do Maracanã vale R$ 0,40. Do
Castelão, no Ceará, de R$ 0,28 a
R$ 0,31. A diferença é que nos dois
estádios estatais não é preciso alugar catracas, que foram fornecidas pela BWA ou bancadas pelos
administradores das arenas.
Na Arena da Baixada, um dos
poucos estádios grandes do país
que não têm a BWA, a empresa
Telemática cobrou média de R$
0,40 em Atlético-PR x Francisco
Beltrão. No caso, os paranaenses
investiram cerca de R$ 600 mil para comprar as catracas. "A diferença é que eles pensam no lucro,
e a gente, no serviço", disse Paulo
Mello, gerente de contas da Telemática.
(FERNANDO MELLO, MARCUS VINICIUS MARINHO E PAULO COBOS)
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