São Paulo, domingo, 08 de fevereiro de 2004 |
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OLIMPÍADA Apesar de tentativa, limitações atuais impedem Jogos de reviver maratona e arremesso de peso da Antigüidade Modernidade desafia história em Atenas
ADALBERTO LEISTER FILHO DA REPORTAGEM LOCAL Um anônimo mensageiro percorreu os cerca de 40 km entre Maratona e Atenas para anunciar a vitória dos gregos na batalha contra os persas em 490 a.C. Segundo alguns relatos, o soldado disse simplesmente: "Comemorem, nós vencemos". E morreu. Quase 2.500 anos depois, a Olimpíada de Atenas, que será disputada de 13 a 29 de agosto, tentará reviver essa façanha. Em outra iniciativa promovida pelo Athoc, o comitê organizador da Olimpíada, a prova de arremesso de peso será disputada nas ruínas do antigo estádio de Olímpia, berço dos Jogos modernos. "Só a Grécia conta com os símbolos que ligam os Jogos da Antigüidade com o seu ressurgimento, em 1896, e a Olimpíada atual", destacou Gianna Angelopoulos, presidente do comitê grego. É verdade, entretanto, que a Olimpíada enfrenta novos desafios. Os Jogos da Antigüidade eram pretexto para todas as guerras serem interrompidas. Em Atenas, a principal preocupação é justamente com a segurança. "É a nossa maior prioridade. Gastaremos 650 milhões em equipamentos e infra-estrutura com essa finalidade", contou à Folha Serafim Kotrotsos, diretor de comunicações do Athoc. Determinar o percurso da maratona, ao menos, não foi complicado. Desde 1960, o local em que será disputada a prova já abriga a Maratona Clássica de Atenas. "A recriação do caminho original significa uma continuidade de nossa história. Os Jogos voltarão ao seu local de origem para serem revividos", afirmou Kotrotsos. O dirigente, no entanto, reconhece que há algumas dificuldades nos tempos modernos. "A rota é a mesma, mas com a provável diferença de que o mensageiro não passou por Tymbos e sim percorreu uma área chamada Stamata", disse o dirigente. O alongamento do itinerário foi feito para adequar a competição à medida oficial de 42,195 km. "Os atletas terminam a corrida no estádio Panathenian [em Atenas], o mesmo usado nos Jogos de 1896. Eles terão que fazer uma volta na pista antes de encerrar a prova", disse o diretor do Athoc. Além dessas alterações, os organizadores enfrentaram problemas mais prosaicos nesta semana. Os operários que trabalhavam na ampliação da estrada que liga Maratona a Atenas fizeram greve e fecharam a via por três dias reclamando da falta de pagamento. Irritado com isso, o governo da Grécia chegou a ameaçar rescindir o contrato com a European Technical, empreiteira responsável pela obra, que enfrenta uma dívida de US$ 1,25 milhão. O cronograma está um mês atrasado. No estádio de Olímpia, a questão é ainda mais delicada. A idéia de trazer uma prova olímpica para o local foi criticada pela Associação Grega de Arqueologia. Em contraposição, o Athoc garantiu que a área não será prejudicada -a prova será em 18 de agosto, dois dias antes do início dos demais eventos do atletismo. "Não faremos nenhuma intervenção que possa danificar o local. Não haverá placas, placar eletrônico ou luz artificial. Usaremos as condições ambientes e respeitaremos o caráter histórico de Olímpia", relatou Kotrotsos. Os costumes atuais, porém, impedem que a tradição seja seguida à risca. As mulheres, que não competiam na Grécia Antiga, terão espaço em Olímpia. Além disso, os atletas não atuarão nus, como acontecia nas antigas disputas, assistidas apenas por homens. Texto Anterior: Tênis: Atleta norte-americano é flagrado em teste antidoping Próximo Texto: Memória: Capricho de rei define extensão da maratona Índice |
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