São Paulo, terça-feira, 08 de fevereiro de 2011

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LOS GRINGOS

JUAN PABLO VARSKY

3 + 3 nem sempre é 6


Tevez e Messi vivem o melhor momento de suas carreiras, mas é raro renderem bem juntos


TEVEZ FEZ três gols, e Messi outros três. A tentação de somá-los é irresistível. Ou melhor, multiplicá-los.
O total dá 9, o número do centroavante. Ainda que Carlitos use a camisa 32 no Manchester City e Leo use a 10 do Barça, os dois jogam como se fossem centroavantes. Interpretam muito bem o conceito de que "chegar é melhor que estar". Fazem-se de distraídos por trás do médio-volante mas escapam ao zagueiro. Caminham por aquela zona entre as linhas do adversário e fingem desinteresse. O rival se esquece de sua presença. E logo lamenta tê-lo feito.
Ao amadurecerem como atletas, os dois incorporaram a esquiva e a surpresa em seus movimentos sem bola. Atravessam o melhor momento de suas carreiras. Carlitos marcou 20 gols, e Leo chegou aos 40. A Argentina se ilude com esses números. Mas futebol não é aritmética. É raro encontrar bons rendimentos de Messi e Tevez num mesmo jogo. O 4 a 1 ante a Espanha não basta para reverter essa afirmação. Jogaram juntos 23 vezes pela Argentina.
Mas, quando um brilhava, o outro só assistia. Tevez não faz de Messi um jogador melhor, e vice-versa. Carlitos joga como centroavante do City no 4-2-3-1. Sua presença roubou o espaço de Adebayor, emprestado ao Real Madrid. É capitão do time.
Os melhores momentos de sua carreira (Boca em 2003, Argentina em 2004, Corinthians em 2005, Manchester City em 2010/ 11 ) têm uma coincidência acachapante: a posição em campo. Em todos, ele jogou como centroavante.
Desde o início de 2010, quando passou a jogar como centroavante, Messi se transforma em Maradona a cada jogo do Barcelona. Os dois brilham em seus clubes fazendo o mesmo, cada um a seu modo.
Observando pelo para-brisa, Sergio Batista optou pelo melhor do mundo. Quer cercá-lo de futebolistas que o ajudem a brilhar e aos quais ele também possa beneficiar, como Pastore, Lavezzi e Di María.
Não é uma decisão definitiva. Um é destro, Nike, extrovertido e carismático, alvo permanente dos paparazzi. O outro é canhoto, Adidas, introvertido e tímido, manchete do "France Football". Um é o jogador do povo, o outro o jogador da "elite". Um diz coisas sem pensar, o outro grava tudo que diz. No sábado, os dois saíram de campo com a bola do jogo. Mas o futebol é um esporte que não pode ser jogado com duas bolas. No futebol, três mais três nem sempre dá seis.

JUAN PABLO VARSKY é colunista de futebol do jornal argentino "La Nación" e do site Canchallena.com


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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