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FUTEBOL
Montoya, Shakira, Betty...
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
Nada de Santos x Corinthians ou Boca Juniors x River Plate. A simples hipótese de
uma final colombiana na Libertadores é motivo de reflexão.
Nunca houve decisão com times
de um mesmo país. Nunca dois times da Colômbia haviam chegado no mesmo ano às semifinais.
Desde 1999 uma equipe do país
não passava das quartas. Se a Europa, com a inédita final italiana,
consagrou o futebol baseado na
marcação, a América pode destacar o que há de mais descompromissado e alternativo na bola.
América de Cali x Independiente Medellín celebraria um país cuja história futebolística quase
sempre esteve ligada ao dinheiro
e ao poder dos cartéis que funcionam como governo paralelo.
O Nacional de Medellín tocou o
céu no fim da década de 90,
quando a geração mais famosa
do país luziu. Mas o momento
mágico do futebol colombiano é o
atual. A Colômbia é a campeã do
continente. Conquistou de forma
limpa e merecida o título em casa,
há dois anos. Vai defender nossa
região, como o Brasil, na Copa
das Confederações e também na
Copa Ouro -pega o time de Parreira na estréia das eliminatórias.
Francisco Maturana, o mais renomado técnico do país e um dos
mais respeitados do mundo, trabalha uma nova e talentosa geração. No Sul-Americano juvenil, a
Colômbia bateu o Brasil (com um
gol de Guarín que lembrou a melhor obra de Nelinho na Copa-78)
e ganhou vaga no Mundial. Os
brasileiros, aliás, veneram Aristizábal, destaque do Cruzeiro.
Talvez o mais competitivo time
colombiano da atualidade, o Deportivo Cali foi eliminado nas oitavas-de-final com a melhor defesa da Libertadores. Seus torcedores, estranhamente para brasileiros e argentinos, aplaudiram de
pé no estádio a classificação do rival América de Cali para as quartas. Clube mais azarado da história do torneio, o América decidirá
em casa contra o Boca Juniors.
"Vantagem" que o Independiente
também terá contra o Santos.
O Santos massacrou o América
em Cali por 5 a 1 e poderia ter
marcado dez vezes no Independiente na Vila Belmiro. Isso é fato, mas não impede o América de
eliminar um terceiro clube argentino no mata-mata nem tira as
chances do time do "gordinho"
Montoya em Medellín. Fala-se
em arbitragens parciais devido à
força dos cartéis colombianos. Arriscado afirmar isso, mas há uma
verdade: o melhor árbitro sul-americano, o colombiano Oscar
Ruiz, está fora das semifinais.
Os maiores símbolos da passada geração colombiana não saem
das manchetes. A Fifa destacou o
final da carreira do "unmistakable" Valderrama. Asprilla continua dando seus tiros por aí. Higuita, depois de ser ligado a sequestro, tira de letra qualquer caso de doping. E Rincón, no estaleiro e milionário, ainda é cogitado
por dirigentes nacionais.
Se Montoya roubou a cena no
mais charmoso GP da F-1, Shakira deve integrar o mais badalado
museu de cera da Inglaterra e
"Betty, a Feia" é a novela mais
descolada da atualidade, por que
o futebol colombiano não pode
ser o parâmetro da bola nesta
temporada?
América de Cali
O técnico Fernando Castro está fora de uma possível final. Após puxar os cabelos de atleta do River, foi suspenso por três jogos e multado em US$ 10 mil. O time já foi quatro vezes vice da Libertadores (três
vezes seguidas) e na semifinal de 1992 caiu após série de 26 pênaltis.
Independiente Medellín
O clube, vencedor do grupo que tinha o Boca Juniors, quer que o chamem apenas de Medellín, mas ele é conhecido como "Poderoso".
Colômbia
Na Copa das Confederações, a seleção do país pega, na ordem, França, Nova Zelândia e Japão (em território francês, já triunfou no Torneio de Toulon). Tem ótima chance de encarar o Brasil na semifinal.
E-mail rbueno@folhasp.com.br
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