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FUTEBOL
Pessimistas e otimistas
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
"Se o Corinthians subiu
tanto na tabela, por que
não podemos melhorar?", dirão
os otimistas torcedores do Flamengo, do Botafogo e de outros
ameaçados pelo rebaixamento. Já
os pessimistas vão falar que nada
é tão ruim que não possa piorar.
Os otimistas só não podem dizer
que o Dimba, por ter sido artilheiro do Brasileiro no ano passado,
vai resolver os problemas do Flamengo. Ele é um bom atacante,
mas no Goiás há sempre um artilheiro. Agora é o Alex Dias, que
não jogou nada no Cruzeiro. Até
o Jean do Flamengo pode se tornar artilheiro no Goiás.
Na maior parte de sua carreira,
Dimba se destacou em equipes da
segunda divisão. Ninguém aprende ou desaprende a jogar. Há exceções. Edmundo desaprendeu o
que sabia, sem levar em conta a
sua atuação ontem contra o Paraná.
Paulo César Gusmão precisa arrumar logo taticamente o time,
colocando os jogadores na posição certa, em vez de preparar desculpas por causa dos graves problemas financeiros do clube, que
não serão resolvidos tão cedo.
O técnico não pode é inventar,
dar uma de professor Pardal, como fez no Cruzeiro, ao colocar o
armador ofensivo Wendell de terceiro zagueiro.
Como há equilíbrio entre as
equipes, o Flamengo pode melhorar bastante na classificação,
mesmo sem saber o motivo, ou
disparar na lanterna e garantir
por antecipação um lugar na segunda divisão. A terceira opção é
a de ficar onde está e ser rebaixado no final. Aí o sofrimento será
muito maior.
Ousar mais cedo
A cada dia, Tite incorpora uma
nova palavra ou frase ao dicionário do futebol. Qualquer semelhança do "titês" com o "lazaronês" é apenas coincidência.
Contra o Vasco, Tite fez uma
ótima modificação no segundo
tempo ao colocar o veloz atacante
Alessandro na função de ala.
Quando um time joga com três
zagueiros e no ataque, é melhor
pôr um ala com características de
atacante do que um com jeito de
lateral.
O esquema com três zagueiros é
bom para se jogar no ataque,
marcando a saída de bola. O time
fica com três zagueiros para marcar dois atacantes e mais sete jogadores no outro campo. Quando
toma a bola, os sete estão próximos do gol e se tornam atacantes.
A maioria dos técnicos faz o contrário. Escala três zagueiros, dois
alas e dois volantes marcando no
próprio campo, longe do outro
gol. O time fica defensivo.
Não dá para uma equipe marcar por pressão durante o tempo
todo de uma partida, porque é
muito cansativo e arriscado, já
que se abrem espaços na defesa
para o contra-ataque.
Porém essa é uma boa opção,
que deveria ser mais utilizada em
certos momentos e até no início
do jogo.
O time pressionaria desde o começo como se estivesse perdendo
e com a partida no segundo tempo. Por que é sempre preciso sofrer um gol e ou esperar o final do
confronto para atacar com mais
ousadia?
Sobe e desce
Como dizem que futebol é detalhe, e a maioria das equipes no
Brasileiro está no mesmo nível,
basta uma troca de técnico, uma
oração com mais ou menos fé,
uma dor de cotovelo, para um time embalar ou despencar na tabela. Se as ações na bolsa sobem e
descem por causa de um detalhe,
de um cochilo do presidente, ocorre o mesmo no futebol.
Mas, pela lei do bom senso, que
anda esquecida, grandes mudanças na tabela só ocorrerão com
pouquíssimas equipes. Daí o desespero das que estão atrás, como
Flamengo e Botafogo. Será que
um dos dois terá de cair?
Por causa do equilíbrio, torcedores, jogadores e técnicos não
podem ficar deslumbrados e eufóricos com alguns resultados. Jair
Picerni, que foi contratado recentemente pelo Atlético-MG, aproveitou duas vitórias para dizer
que foram conseqüência da obediência tática dos atletas, que fizeram tudo que tinha sido planejado. Parece até que houve tempo
para tantos treinos.
Antes da partida seguinte, contra o Paysandu (ontem o Atlético-MG enfrentaria o Grêmio), o técnico afirmou que o time só joga
para fazer gols. Ele fala isso em todos os clubes.
O Atlético-MG fez um único gol,
foi todo para a defesa, sofreu pressão e perdeu o jogo para o Paysandu por 2 a 1. Será que os jogadores não seguiram as instruções
do técnico?
E-mail: tostao.folha@uol.com.br
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