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Vitória no Chile alivia "incômodo" por partida no RJ
Dunga e sua comissão técnica preferiam jogar em cidade onde os torcedores pressionam e exigem menos da seleção
Jogo contra a Bolívia, no Engenhão, será a 3ª exibição do time em estádio carioca em 12 meses, mesmo número dos últimos 13 anos
DO ENVIADO A SANTIAGO
A vitória sobre o Chile por 3 a
0, ontem à noite, em Santiago,
amenizou uma das principais
preocupações do técnico Dunga e de sua comissão técnica:
exibir-se no Rio de Janeiro (como será o caso na quarta-feira,
quando a equipe enfrenta a Bolívia, no Engenhão).
Tradicionalmente crítico, o
que gera muitas vaias em caso
de situação ruim, o público carioca assusta o estafe técnico da
seleção brasileira em um momento ruim como o atual (aliviado pelo triunfo de ontem).
Reservadamente, integrantes da comissão técnica dizem
que preferiam atuar nesta hora
delicada em praças onde a cobrança não é tão grande, como
no Norte ou Nordeste.
Em 12 meses, a seleção brasileira vai jogar no Rio de Janeiro
as mesmas três vezes que fez
nos 13 anos anteriores.
Do torcedor até a comissão
técnica da equipe do técnico
Dunga, passando pelos políticos locais, a presença do Brasil
no Rio está longe de ser só festa.
Desta vez, porém, o desinteresse pela partida contra a Bolívia é inegável, ainda mais se
comparado à multidão que lotou o Maracanã, depois de tumultuada e rápida venda de ingressos, no final do ano passado
no jogo contra o Equador, também pelas eliminatórias.
Depois de mais de uma semana de bilheterias abertas e com
uma carga de apenas 29 mil ingressos à venda, um número
considerável de entradas (a
CBF não divulga quantas) ainda está disponível, evidenciando a falta de apelo popular do time de Dunga, medalha de
bronze nos Jogos de Pequim.
Serão distribuídos 4 mil ingressos de forma gratuita para
menores de 12 anos e idosos
com mais de 65 anos.
Se o Engenhão, que no ano
passado também recebeu, com
pouca gente nas arquibancadas, um amistoso da seleção
olímpica, não lotar de novo,
questionamentos do público e
pressão dos torcedores certamente serão atenuadas, para
alívio do treinador.
A presença da seleção no Rio
virou uma grande disputa política entre Prefeitura e Estado.
Apesar de cedido ao Botafogo, o Engenhão é propriedade
da Prefeitura, comanda por César Maia (DEM). Como ele é
inimigo político do governador
Sérgio Cabral (PMDB), a CBF
resolveu marcar, ainda que não
de forma oficial, o jogo contra a
Colômbia, em outubro, para o
Maracanã, que é do Estado.
A decisão, por sinal, incomodou outro governador, o de São
Paulo, José Serra (PSDB). A cidade contava com um compromisso que teria sido anunciado
pelo presidente da CBF, Ricardo Teixeira, de realizar o confronto no Morumbi.
Serão assim três jogos pelas
eliminatórias no Rio apenas
nas dez rodadas iniciais da
atual edição do campeonato.
Nos qualificatórios para 2002 e
2006, o Brasil jogou na cidade
só duas vezes.
Com tantos jogos na cidade
onde fica a sua sede, a CBF perde um de seus principais trunfos para agradar a seus aliados
políticos e os mandatários das
federações estaduais.
A seleção ainda não jogou fora do Sudeste nestas eliminatórias. O jogo contra o Peru deve
acontecer em Porto Alegre, o
que faz restarem apenas três
partidas para serem distribuídas para o resto do país.
O time nacional tinha previsão de chegar nesta madrugada
do Rio, para onde embarcaria
logo depois do jogo em Santiago. A equipe vai ficar hospedada em um hotel na Barra da Tijuca. Estão previstos dois treinos no Engenhão, mas a prática
desta tarde tende a contar apenas com jogadores reservas ou
até mesmo pode ser cancelada,
devido ao cansaço da viagem,
pela comissão técnica chefiada
por Dunga.
(PAULO COBOS)
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