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Prancheta do PVC
PAULO VINICIUS COELHO - paulovinicius.coelho@uol.com.br
Os pontas de Dunga
DAS ANÁLISES bipolares da seleção, uma percorreu toda a semana. Com três volantes, o time é defensivo. Com três na frente, fica exposto. Vamos decidir? A retranca e a superexposição não têm a ver com o número de volantes ou avantes. Mas uma coisa é preciso dizer sobre o sistema usado ontem: Ronaldinho e Robinho jogam pelos lados com a função de armar e marcar. São muito mais meias do que atacantes. O sistema tem cinco no meio, mais do que três na frente. E funcionou. Os 3 a 0 sobre o Chile são o 19º jogo de Dunga com o sistema. Venceu 13 e só perdeu do México.
O mesmo sistema que faz muitos delirarem com a volta dos pontas -que são meias-, quando usado em Real Madrid, Barcelona, Chelsea ou Holanda, é olhado com desconfiança no Brasil. Os dois homens dos lados têm a função de preencher o meio e aproximar-se do atacante solitário para dar profundidade. O tipo de jogada que mais falta ao Brasil, com quatro homens ofensivos ou com três volantes. O estilo tático de Dunga lembra Parreira, a partir do chavão "valorizar a posse de bola". Se a bola está comigo, não está com o rival. Logo, não sofro gol. Assim o time percorre o ataque com passes laterais, que raramente levam à área. Toca, toca... e nada!
Foi assim contra Colômbia, Peru, até mesmo nos 5 a 0 com o Equador, quando o segundo gol só saiu depois de 71min de toca, toca... Problema agravado quando o time é marcado por pressão, como fez o Chile. Nesses dias, fica mais difícil até ter a posse de bola, e isso ficou flagrante no primeiro tempo de Santiago.
O jogo mostrou que, na derrota ou na vitória, é preciso corrigir o maior problema do time nos últimos anos: a falta de profundidade. Desde que goleou a Argentina (4 a 1) na final da Copa das Confederações-05, com Parreira valorizando a bola, mas com Kaká e Ronaldinho acelerando o jogo, o Brasil não se livrou do jogo excessivamente lateral. Mesmo ontem, apesar de quebrar o tabu de não vencer como visitante. Ausente no Chile, o zagueiro Juan arrisca uma explicação, Santiago à parte: "Não sei se é o ambiente, os campos mais duros ou os estádios ruins. Nos acostumamos com palcos da Europa e hoje é mais chato jogar nos estádios da América do Sul".
POSSE ARGENTINA
A Argentina encanta, mas
tem o mesmo problema do
Brasil, às vezes mais grave:
não penetra. Contra o Paraguai, jogou no ritmo de Riquelme, não deu a bola para
o adversário jogar nem
ameaçou muito o rival em
boa parte do confronto. Falta um centroavante, como
Batistuta. Falta penetração.
COMO É RUIM!
A notícia do fim de semana, nas eliminatórias sul-americanas, é que a Colômbia não vai chegar. É outro
que não entra na área, mas
porque erra uma quantidade
incrível de passes. Lugano
foi o melhor do jogo de anteontem à noite e dá o sinal
de que o Uruguai, sim, vai lutar por uma das vagas.
BRASILEIRÃO
A luta pelo título do Campeonato Brasileiro ainda não se encerrou, porque o Grêmio tem viagens incômodas a fazer na seqüência da competição. O time irá ao Beira Rio, onde enfrenta
seu arqui-rival, o Inter, ao Mineirão, para pegar o Cruzeiro, e ao
Palestra Itália, onde encara o Palmeiras. Além disso, terá um jogo complicado na Arena da Baixada, contra o Atlético-PR, que
luta para fugir do rebaixamento. O Cruzeiro leva uma vantagem: pega Palmeiras e Grêmio em casa.
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