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Leão vira "light" para treinar jovens
RICARDO PERRONE
DA REPORTAGEM LOCAL
Após seis meses de convivência
com jogadores até 36 anos mais
novos do que ele, Emerson Leão,
53, já não é um treinador tão durão como antigamente.
Trabalhar com jovens atletas
como Diego, 17, e Robinho, 18,
tem feito o técnico santista ser
mais ameno nas cobranças em alguns momentos para não assustar os seus comandados.
O técnico decidiu pensar mais
antes de explodir com os garotos,
quando eles fazem algo de errado
fora de campo. Resultado: as revelações santistas têm escapado
quase ilesas após serem flagradas
em meio a travessuras.
Leão até se diverte ao contar um
dos episódios em que evitou ser
severo com Diego e o atacante reserva Douglas, 20.
Antes do primeiro jogo com o
São Paulo pelas quartas-de-final,
os dois resolveram dar um passeio pela concentração em Extrema (MG), onde os jogadores estavam proibidos de usar celulares e
só podiam ter ligações transferidas para os seus quartos com autorização da comissão técnica.
Numa de suas rondas para checar se tudo estava sob controle,
Leão encontrou dois cavalos parados num matagal. Foi até lá e
descobriu Diego e Douglas se banhando numa cachoeira, ambos
vestindo apenas cueca.
""Eles poderiam ter se machucado. Se tivesse dado uma grande
bronca, talvez eles não tivessem
reagido bem. Por isso, só pedi que
voltassem caminhando. Eles voltaram para a concentração e disseram que eu parecia um fantasma, já que não me viram chegar",
lembrou o técnico santista.
Em vez de berrar com os meninos, ele se vingou de uma maneira
mais sutil. ""Só fiz questão de falar
na frente dos outros jogadores
que peguei os dois de cueca na cachoeira para que fossem gozados
pelos companheiros."
Se os atletas fossem mais velhos,
a reação do técnico, que em seus
tempos de jogador chegou a sair
no braço com Marinho durante a
Copa do Mundo de 74 (Alemanha) por causa de uma falha do
companheiro, seria bem diferente. "Eles são folgados. Precisei até
me alfabetizar novamente para
aprender a lidar com um time jovem", afirmou o treinador.
A mudança no comportamento
de Leão salta aos olhos dos atletas.
"Quando eu estava no juvenil
[em 1998", o Leão era um pouco
ranzinza, não deixava a gente bater bola no gramado do CT. Hoje,
ele está mais calmo, não reclama
mais dos juvenis", disse o volante
Paulo Almeida, capitão do time.
O treinador mudou também a
forma de instruir seus comandados por causa da pouca idade do
grupo. "Nos últimos dias, tenho
procurado não encher a cabeça
deles. Passo as informações aos
poucos, para não pressionar."
Qualquer que seja o resultado
das finais do Brasileiro-2002, os
Meninos da Vila já marcaram a
carreira de Leão. "Nunca ensinei
tanto e aprendi tanto com um time como agora", avaliou ele.
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