|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Bastidor vê duelo entre corintiano Dualib, mais velho dirigente entre clubes da elite, e santista Teixeira, o mais novo
Quatro décadas separam cartolas da final
DO PAINEL FC
O duelo entre a experiência corintiana e a jovialidade santista
não se limita aos atletas que começam hoje a decidir o Brasileiro.
Nos bastidores, por trás de mesas em salas refrigeradas, Alberto
Dualib, 82, e Marcelo Teixeira, 38,
protagonizam um acontecimento
singular: a disputa do mais velho
contra o mais jovem presidente
de clube entre os grandes do país.
Mais vitorioso dirigente dos 92
anos de vida do Corinthians, Dualib acordará hoje para sua 16ª final
à frente do clube, a quarta de Brasileiro. Ergueu a taça em dez
oportunidades, conquistando um
Mundial de Clubes da Fifa, dois
Brasileiros, duas Copas do Brasil,
quatro Paulistas e um Rio-SP.
Seu rival 44 anos mais novo tem
um currículo mais modesto. No
Santos desde 2000, foi somente a
uma final -perdeu para o São
Paulo o seu primeiro Paulista.
Vice de Vicente Matheus no início da década de 90, Dualib assumiu o Parque São Jorge na metade de 93. Divide com o palmeirense Mustafá Contursi o título de
presidente de clube há mais anos
no poder entre os grandes do país.
"Eu vejo a minha idade com orgulho. Ela não me abate. Tenho
saúde. Não sofro de pressão alta,
diabetes. Meu único problema, às
vezes, é uma gripe. Os títulos me
rejuvenescem, me dão força para
continuar na minha missão de defender os interesses do clube que
amo", afirma Dualib, apontado
por seus pares como um dos nomes para comandar a presidência
da Liga Nacional de Clubes.
Desde que assumiu o poder,
Dualib repete sempre o mesmo ritual. Às vésperas de jogos importantes, vai jantar com os jogadores. Diz que o nome do Corinthians está nas mãos deles, que a
alegria ou a tristeza de milhões de
pessoas dependem de seus pés.
Evita entrevistas. Prefere delegar a função de se comunicar com
a torcida para seu escudeiro, o
conselheiro do Tribunal de Contas do Estado Antonio Roque Citadini, 52. Não são poucas as vezes em que, localizado pelo celular
por um repórter, passa a tarefa de
falar a seu vice e virtual sucessor
no Parque São Jorge.
Gosta de afirmar que "nunca o
Corinthians teve uma década tão
espetacular como a que passou".
Mas muda de assunto, ou até encerra a entrevista, se questionado
sobre a situação financeira do clube. Tosse, diz que está resfriado e
pede licença para desligar.
De pai para filho
Filho de família rica de Santos,
dono da maior universidade da
cidade e de uma emissora de TV,
Marcelo Teixeira surgiu no clube
pelas mãos de seu pai, Milton Teixeira, presidente do clube entre
1984 e 1986 -foi ele o último cartola santista a comemorar um título de relevância, o Paulista-84,
justamente sobre o Corinthians.
Hoje, aos 72 anos, o ex-presidente e conselheiro alvinegro dá
conselhos ao seu filho. "Ele sempre está comigo, me dá sugestões,
passa um pouco da experiência
que teve como dirigente. Mas eu
também gosto de impor a minha
marca", afirma o Teixeira filho.
Logo que foi eleito, em janeiro
de 2000, colocou dinheiro do próprio bolso para tirar seu time da
fila. Estima-se que tenha emprestado ao Santos mais de R$ 14 milhões. Contratou nomes como
Marcelinho, Rincón e Edmundo.
Com um time de medalhões, o
time não foi além do segundo lugar no Paulista-00. Na Copa JH,
foi eliminado na primeira fase.
No Estadual do ano passado, o
Santos esteve muito perto de mais
uma decisão. Foi barrado pelo
Corinthians de Ricardinho, que
marcou o gol da vitória já nos
acréscimos. Foi quando a "fonte"
de Teixeira secou. E, sem querer
injetar mais dinheiro no clube, o
administrador de empresas e advogado resolveu dar chance aos
"meninos da Vila".
"Acho que a grande virtude foi
refazer o departamento amador,
ter acreditado na meninada. Os
resultados estão aí: Diego, Renato,
Elano, Robinho, jogadores que há
muito tempo vêm recebendo nosso cuidado, com nutricionista,
psicólogo, professores. Sem o
passe, não há outro caminho para
nós senão investir na base", gaba-se o dirigente santista.
Com a chance de entrar na história do Santos como o cartola
que tirou o time de sua mais longa
"fila", Teixeira espera que suas
apostas agora dêem certo.
"Voltamos à Taça Libertadores
depois de 18 anos, e isso já é uma
grande conquista. Mas queremos
mais. É gratificante saber que você trará alegria para tanta gente.
Penso em como ficará a cidade se
conquistarmos este Brasileiro. E
sei que ficarei marcado para sempre na vida do Santos se o título
vier."
(FERNANDO MELLO)
Texto Anterior: As armas santistas
Próximo Texto: Frases Índice
|