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FUTEBOL
Vitória da inovação
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Corinthians e Santos têm
excelentes atletas. São times
ofensivos, criativos e eficientes. O
Corinthians é mais regular, previsível, equilibrado, experiente, racional, tranquilo, prudente, paciente e técnico. O Santos é mais
jovem, explosivo, emocional, inquieto, ousado e habilidoso.
O Santos marca e desarma
mais. Associa a marcação por zona à individual, no meio-campo.
O Corinthians só marca por setor.
Os jogadores, em vez de correrem
atrás do rival, posicionam-se para fechar os espaços defensivos.
Taticamente, os finalistas são
parecidos e fogem do habitual.
Corinthians e Santos atuam com
uma linha de quatro defensores,
três no meio-campo, dois atacantes pelos lados e um centroavante.
Deivid, Gil, Robinho e Elano recuam, marcam os laterais e atacam pelas pontas. Elano é mais
marcador e armador. Robinho,
Deivid e Gil são mais atacantes.
A diferença tática das duas
equipes está no meio-campo. O
Corinthians joga com um volante
pelo meio mais recuado e um armador de cada lado, com funções
defensiva e ofensivas. No Santos,
há dois volantes (Renato ataca
mais) e o Diego entre os dois e o
Alberto. Elano, Diego e Robinho
formam um trio de apoio aos dois
volantes e ao centroavante.
Frequentemente, os dois times
têm nove atletas, além do goleiro,
defendendo no seu campo. Ficam
atrás da linha da bola, como fala
o Parreira. Só o centroavante permanece na frente. Essa era a tática brasileira na Copa de 70.
Em vez de atacarem pelos flancos com laterais, característica
dos times nacionais, os dois finalistas usam atacantes pelos lados,
ajudados pelos laterais. Formam
duplas, o que dificulta a marcação. Essas duplas são as grandes
forças ofensivas dos dois times.
Os três gols do Corinthians contra o Flu saíram dessa forma. Se o
sinaleiro Guilherme (não pára de
levantar os braços) tivesse jogado
desde o início, provavelmente seria o artilheiro do Brasileirão.
Corinthians e Santos inovaram
taticamente. Fugiram da mesmice. Por isso, são os finalistas.
Esperança
Não vou falar da novela "Esperança". Não assisto a novelas. Porém, de vez em quando, escondido, ligo a televisão nesse horário
só para admirar a beleza e o talento da Ana Paula Arósio.
Tenho esperança de que o futebol brasileiro melhore nos próximos anos. Para isso, antes de tudo, é preciso uma lei que regulamente, fiscalize e puna os infratores. A lei já está pronta. É o projeto de moralização do esporte.
Basta o Congresso aprová-la.
Por ela, os clubes, as federações
e a CBF terão a mesma responsabilidade fiscal. Os clubes serão
obrigados a publicar balanços.
Eles somente se beneficiarão do
patrocínio e dos financiamentos
públicos se se tornarem empresas
e estiverem com os impostos pagos. Não será obrigatória a transformação do clube em empresa.
Tenho esperança na política do
novo governo, que vai priorizar o
lado social do esporte. O futebol e
os esportes de alto rendimento já
são ajudados pelo dinheiro público (Lei Piva e outras formas). Deveriam ser apoiados principalmente pela iniciativa privada. Na
verdade, o esporte no Brasil, em
todas as formas, somente será
competitivo e saudável quando o
país for mais desenvolvido e justo.
Tenho esperança de que o Ministério do Esporte -ou secretaria (não faz diferença)-, desvinculado do turismo, será dirigido
por uma pessoa experiente em
administração pública do esporte, e não por um ex-atleta famoso
ou por um político sem ligação
com o setor.
Tenho esperança de que todos
os dirigentes serão proibidos de se
reelegerem por mais de um mandato e que os cartolas atuais serão
substituídos progressivamente
por outros com novas idéias e atitudes, como já está acontecendo.
Tenho esperança de que não
haverá virada de mesa e de que o
próximo Brasileiro será por pontos corridos, com turno e returno.
No final, somam-se os pontos. Assim é mais justo. Poderá não ser
inicialmente a fórmula mais rentável, mas se tornará com o tempo. Os jogos serão em horários
que interessam ao bom futebol, e
não à programação da televisão.
Tenho esperança de que o novo
governo convença a elite econômica de que ela só continuará lucrando (menos) e que o Brasil só
vai resolver seus graves problemas sociais quando houver aumento da produção e transferência de riqueza dos mais ricos para
os mais pobres, dentro da democracia e do respeito às leis.
Tenho outras esperanças, como
a de não mais acreditar em Papai
Noel.
E-mail
tostao.folha@uol.com.br
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