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FUTEBOL
Partida em abril, estratégica para a AmBev, não ocorrerá; jogo no Bahrein, no mesmo mês, deve ficar no papel
Ameaça de guerra cancela amistoso da seleção com os EUA
FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC
A elevação de tom dos Estados
Unidos e a cada vez mais palpável
invasão ao Iraque já causam prejuízos à Confederação Brasileira
de Futebol e à AmBev, sua principal parceira. Pelo menos um
amistoso já foi cancelado por causa do provável conflito -e outro
está em via de ser.
A pedido da federação norte-americana, o jogo entre EUA e
Brasil, que seria em 30 de abril, foi
cancelado. Inicialmente marcado
para Nova York -depois para
Los Angeles-, o amistoso não
será realizado porque os EUA temem que uma partida contra a seleção pentacampeã possa ser alvo
de ataques terroristas.
O amistoso era estratégico para
a AmBev, que queria aproveitar a
ligação com o time de Carlos Alberto Parreira para alavancar suas
vendas no mercado norte-americano -em Portugal, no primeiro
amistoso AmBev, e na Ásia, durante a Copa, o casamento com a
CBF foi explorado comercialmente e rendeu frutos à multinacional.
A intenção da AmBev de jogar
nos EUA foi informada a Ricardo
Teixeira, presidente da CBF, no
fim de 2002. Por contrato, que dá
à confederação US$ 10 milhões
por ano, a empresa de bebidas
tem direito a um jogo por temporada, pelo qual recebe o dinheiro
da bilheteria e da comercialização. Além de poder escolher local
e adversário, a empresa pode instalar "hospitality centers" e levar
convidados. A CBF não ganha nada pelo amistoso, mas também
não gasta, uma vez que a AmBev
paga transporte e hospedagem.
Plano B
Sem possibilidade de jogar com
os EUA, AmBev e CBF já iniciaram negociação com o México. A
partida aconteceria em terras mexicanas, no mesmo dia 30 de abril.
À Folha, Teixeira confirmou o
cancelamento do confronto com
os EUA, mas não quis dar maiores
detalhes sobre as causas. "Só posso dizer que não acontecerá."
Ainda nesta semana, outro jogo,
que renderia US$ 800 mil à CBF,
não deve sair do papel.
Depois de ter dado o OK à Federação de Bahrein para que o Brasil
enfrentasse um selecionado árabe
em 1º de abril, Teixeira deve pedir
o adiamento do confronto.
O dirigente, que inicialmente
havia dito que um eventual conflito não atingiria Bahrein, parece
ter mudado de idéia.
País que abriga uma importante
base militar dos EUA, Bahrein poderia ser usado pelos americanos
em caso de invasão ao Iraque.
Com a resolução da Fifa de
adiar o Mundial sub-20, nos Emirados Árabes, Teixeira teme ser
responsabilizado caso aconteça
alguma coisa com os atletas.
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