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Futebol respeita a lei, mas exige contrapartida
DA REPORTAGEM LOCAL
Se as confederações esportivas
não seguiram o que manda a lei, o
mesmo não se pode dizer dos clubes de futebol. Dos 24 times que
disputam a Série A do Brasileiro,
22 disseram que publicaram o balanço de 2003, 21 dos quais dentro
do prazo estabelecido por lei.
Até o Vasco, cujo presidente,
Eurico Miranda, passou o ano
passado dizendo-se contrário à
publicação -""as contas do Vasco
só interessam aos nossos sócios"-, mudou de idéia e resolveu tornar público seu balanço.
É que, se não o fizesse, correria o
risco de ficar sem as verbas da Loteria Esportiva e sem o auxílio da
Prefeitura do Rio. O prefeito Cesar Maia decidiu ajudar os grandes cariocas, que, em troca de R$
2 milhões, ostentam o logo do Pan
de 2007, que será na cidade.
Outra possível penalização para
os clubes que não publicaram o
balanço é serem retirados do Refis
-programa de parcelamento de
débitos tributários.
Segundo o Clube dos 13, entidade que reúne 20 dos principais times do país, o fato de 22 dos 24
clubes da Série A do Nacional terem publicado balanço -no ano
passado tinham sido 12- significa que o futebol está no caminho
certo. ""Estamos dispostos a cooperar", disse Fábio Koff, presidente do C13, por intermédio de
sua assessoria. ""Mas também
queremos uma contrapartida."
Liderados por Márcio Braga,
presidente do Flamengo, Eurico
Miranda, do Vasco, Marcelo Portugal Gouvêa, do São Paulo, e Alberto Dualib, do Corinthians, os
clubes querem abocanhar parte
da verba da Lei Piva. Estudam
ainda com o Ministério do Esporte a criação de uma nova loteria
do futebol -a Timemania.
Dos clubes da Série A, apenas
Botafogo e Juventude afirmaram
que não publicaram o balanço.
O time do Rio alega que não tinha a documentação necessária
para fazê-lo, já que a diretoria anterior teria se desfeito de documentos essenciais antes de Bebeto
de Freitas assumir a presidência.
O dirigente, à frente do Botafogo desde o ano passado, diz que
pretende publicar o balanço do
exercício de 2004 no ano que vem,
pois aí o clube terá os dados necessários em mãos para fazê-lo.
Já o clube de Caxias do Sul explica que publicará o balanço com
atraso, provavelmente até o final
do mês. A justificativa: problemas
com a auditoria externa.
Dos outros 22 clubes que disseram ter publicado o balanço, apenas o Internacional o fez fora do
prazo. A diretoria do clube gaúcho afirma que tornou públicos
os demonstrativos financeiros
apenas no último dia 4, porque
houve atraso em sua aprovação
pelo conselho.
Apesar de a grande maioria ter
cumprido a lei, os balanços dos
clubes apresentam um problema:
não têm um critério definido. Cada qual segue uma linha própria
para fazer seu balanço, fato que já
aconteceu no ano passado.
Não há consenso sobre como
contabilizar os atletas, direitos de
imagem dos jogadores, receitas
antecipadas de TV e até mesmo os
estádios de futebol.
Antes da Lei Pelé, responsável
pelo fim do passe no país em 2001,
os atletas podiam ser contabilizados simplesmente como ativos.
Agora, no entanto, vale tudo. Há
clubes que calculam a multa que
receberiam se seus jogadores decidissem se transferir para outros
times, há os que contabilizam os
atletas como ativo imobilizado, ao
lado de edificações, móveis e
utensílios, e há os que os contabilizam pelo que chamam de "valor
de mercado".
Para o ano que vem, a Comissão
de Marketing e Futebol do Ministério do Esporte, que é comandada por José Carlos Brunoro, tem
como um dos objetivos adotar
um padrão comum.
Já entrou em contato com um
grupo de contadores que estão estudando o assunto. O mesmo fez
o Clube dos 13, que deve apresentar sua proposta de padronização
ao ministério até o final do mês
que vem.
(JCA E LF)
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