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ATENAS 2004
Ciclista Susanne Ljungskog, favorita na Olimpíada, se tornará a primeira mulher a desafiar elite masculina
Pelo ouro, sueca pedala contra homens
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Favorita ao ouro em Atenas, Susanne Ljungskog se propôs um
desafio. Enquanto a maioria dos
atletas olímpicos estiverem preocupados em se concentrar, ela
buscará um feito inédito.
A ciclista sueca irá se tornar a
primeira atleta a competir com
homens em uma corrida da
União Ciclística Internacional. Sete dias depois, em 15 de agosto,
buscará o inédito ouro olímpico.
Susanne é a atual campeã mundial em estrada e teve desempenho avassalador em 2003. Só não
recebeu medalha em 2 dos 13 torneios de que participou. Em sete
deles, figurou no topo do pódio.
"A Olimpíada é minha prioridade agora. Sonho ainda com uma
competição como a Volta da
França. É um feito maior ganhar
uma Volta. Ela mostra realmente
quem é o melhor", afirmou.
Susanne disse à Folha que colocou um desafio no caminho rumo
ao primeiro sonho "por acaso".
Seu técnico procurava uma prova
para encerrar a preparação olímpica e achou o Scandinavian
Open, em seu país natal.
A organização da competição
vibrou com a autorização dada
em março pela UCI. Acredita que,
com uma mulher na estrada, terá
a maior audiência da história. E
espera novos patrocínios.
Correr contra homens não é novidade para Susanne, que tem experiência em eventos amadores.
"Já consigo ficar com o pelotão
de elite e tentar ataques no final. É
muito engraçado. Eles não acreditam que tem uma mulher na cola
deles", afirmou a ciclista, que espera menos diversão em agosto.
"Em uma corrida da UCI será
difícil, provavelmente nem consiga me aproximar no sprint final".
A atleta que hoje encara homens na estrada quase parou de
correr por causa da falta de espaço para mulheres em seu país.
Interessada em esportes desde
pequena -praticou esqui, futebol, handebol e badminton-,
Susanne, 28, encantou-se com a
bicicleta por influência de um
amigo de seu pai. Aos 12 anos,
competiu pela primeira vez. Em
uma corrida mista, foi prata.
A ciclista, no entanto, só pôde se
dedicar ao esporte após concluir o
ensino médio, em 1995. "Não havia times femininos por perto. Ficava apenas na equipe nacional."
A oportunidade de ampliar o leque de competições internacionais surgiu em 1998, quando Susanne assinou com uma grande
equipe. Dois anos depois, ficaria
parada por causa de uma lesão.
Hoje, credita sua performance à
mudança nos treinos. Aumentou
as pedaladas na estrada -chega a
andar até mil horas por ano- e
intensificou a musculação.
Ela também aposta em uma estratégia diferente das de suas concorrentes: faz muitas corridas e
campings durante o inverno.
"Me sinto como o boneco da
Michelin [fabricante de pneus],
de tantos casacos que uso".
Após fazer história, ela colocará
a preparação à prova. Tarimbada
no frio, terá de andar sob os 40C
do sol grego nos Jogos Olímpicos.
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