|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FUTEBOL
Por Rio-2016, CBF "limpa" camisa e colide com o COB
A contragosto, escudo e 5 estrelas são tirados do uniforme olímpico
BRASIL
Segundo jogo do time de Dunga na Olimpíada. Horário:
6h de amanhã
EDUARDO OHATA
ENVIADO ESPECIAL A PEQUIM
PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A SHENYANG
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
A seleção brasileira não usará
mais a sua camisa oficial na
Olimpíada. A decisão, tomada
ontem, colocou CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e
COB (Comitê Olímpico Brasileiro) em rota de colisão.
E provocará uma cena inusitada: o time de Dunga e Ronaldinho irá a campo amanhã,
diante da Nova Zelândia, com
um uniforme amarelo sem seu
símbolo e as cinco estrelas que
marcam os títulos mundiais.
A queda de braço entre Fifa e
COI (Comitê Olímpico Internacional), que solicitou o veto
ao uso do uniforme, respingou
no Brasil com uma ameaça velada da entidade à viabilidade
do país como futura sede dos
Jogos -o Rio de Janeiro pleiteia organizar o evento de 2016
e aproveita a Olimpíada para
ampliar seu lobby entre os cartolas do Movimento Olímpico.
Ontem, o COI fez um alerta a
Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, durante reunião para
tratar do assunto, segundo a
Folha apurou. A determinação
da entidade que controla o esporte olímpico foi clara: a delegação que contrariasse a determinação para a imediata troca
da camisa estaria sujeita a sofrer punições financeiras ou
sanções administrativas.
Ao argumentar que a Argentina também jogou com sua camiseta oficial, Nuzman escutou
como resposta: ""Só que a Argentina não é candidata a
2016". A declaração causou
tensão no encontro e mobilizou o COB a buscar uma solução. Por questões contratuais
(COB e CBF usam fornecedores de material esportivo diferente), o impasse foi criado.
Foi o bastante para Nuzman
dirigir ao presidente da CBF,
Ricardo Teixeira, por intermédio do governo federal, um apelo para que a seleção olímpica
não utilizasse mais na China a
sua camisa tradicional.
Ainda que com certa dose de
contragosto, o argumento de
que isso poderia causar dano à
campanha Rio-2016 foi aceito
para evitar ""constrangimentos
ou transtornos", como divulgou a CBF em seu site oficial.
Internamente, entretanto, a
pressão velada enfureceu os dirigentes da entidade que comanda o futebol nacional.
Segundo ela, a decisão de
atuar com seu uniforme era
respaldada pela Fifa, e as punições não passariam de US$
1.000 por partida (dos times
masculino e feminino).
A própria CBF estaria disposta a bancar a multa com recursos do próprio cofre para
não ser obrigada a mexer na
configuração do uniforme.
Teixeira, quer não quer ver o
futebol ser culpado por um
eventual fracasso da candidatura brasileira a 2016, informou a decisão à Fifa.
O COB confirmou ontem ter
sido informado da decisão da
CBF, mas afirmou desconhecer
qualquer interferência.
A seleção feminina de futebol
já deve entrar em campo hoje
com um outro uniforme.
Ronaldinho, jogador mais experiente e capitão da seleção
olímpica masculina, lamentou
não poder usar mais a camisa
oficial nos Jogos de Pequim.
""A camisa com as cinco estrelas é um motivo de orgulho para todos nós, jogadores, e para o
povo brasileiro. A gente queria
muito continuar jogando com
ela", comentou. "Mas, se isso
pode atrapalhar a candidatura
para 2016, temos de entender e
aceitar essa situação."
Texto Anterior: Coréia do Norte troca de lugar para evitar a do Sul Próximo Texto: Dunga fica com orgulho da eficiência do jogo aéreo Índice
|